Em uma análise meticulosa sobre o plano bioeconômico global e suas perspectivas futuras, um estudo sistematizado revisou sete pesquisas de cenários ambientais globais e um relatório de inteligência, focando nas implicações para a bioeconomia. O objetivo era identificar as variáveis-chave e as relações de causa e efeito evidentes nestas pesquisas. O emprego de diagramas de laços causais individualizados para cada estudo permitiu elencar as variáveis causais mais recorrentes, assim como as variáveis afetadas e as relações de causa e efeito mais frequentes entre os estudos.
Destacam-se as cinco principais variáveis causais, que incluem políticas de mitigação, progresso tecnológico, consciência do consumidor, crescimento econômico e nível de educação, enquanto as cinco principais variáveis afetadas são mudanças climáticas, uso de materiais, segurança alimentar, ecossistemas naturais e justiça social. A análise também desvendou que todos os estudos analisados compartilham de uma visão limitada ao considerar predominantemente a economia como a perspectiva dominante sobre o futuro sustentável.
Esta revisão sistemática destacou que as variáveis com maior número de conexões causais têm uma ligação direta com os pilares do desenvolvimento sustentável. A constatação de que políticas de mitigação foram mais mencionadas não surpreende, refletindo uma aparente confiança no otimismo tecnológico, muitas vezes criticado como razão para o atraso nas ações climáticas. Este trabalho também levanta questões sobre a ênfase dada às ações individuais e a percepção de poder associada ao consumo, em vez de escolhas políticas mais amplas.
Em termos de bioeconomia, o estudo revela que temas como uso da terra e intensificação da agricultura sustentável são frequentemente contemplados, embora com ênfases diversas entre os estudos. Nota-se, contudo, representações simplificadas das capacidades bioeconômicas, com pouca consideração para com novos usos de biomassa, como os bio-based chemicals e materiais não cobertos pelos cenários revisados.
Outro ponto significativo é a quase ausência de feedbacks em que a natureza afeta a sociedade, destacando a necessidade de mais relações de retroalimentação nos modelos de cenários futuros. Além disso, eventos extremos e disruptivos, como pandemias e mudanças climáticas rápidas, são raramente considerados, embora possam ter grandes impactos nos sistemas sociais globais.
Concluindo sua análise, os pesquisadores afirmam que o conhecimento trazido pelo estudo pode ser crucial para respaldar pesquisadores e praticantes de LCA a utilizar cenários de prospecção ambiental com uma compreensão mais aprofundada de suas suposições subjacentes. A transição para uma economia de baixo carbono e o futuro da bioeconomia são essenciais para o desenvolvimento sustentável e, portanto, a criação de cenários robustos e realistas é fundamental para dar suporte às tomadas de decisões estratégicas no campo.
Fonte: S. Lee and L. Hamelin, “unravelling global future scenarios in the perspective of bioeconomy planning”, Biomass and Bioenergy, vol. 168, p. 106670, 2023. https://doi.org/10.1016/j.biombioe.2022.106670