Biotecnologia marinha impulsiona uso sustentável do oceano com vistas ao desenvolvimento socioeconômico

A biotecnologia marinha, um campo emergente da ciência, tem sido apontada como um vetor estratégico para a utilização sustentável dos recursos oceânicos. Neste contexto, a valorização da biodiversidade marinha é vista como essencial, sendo capaz de oferecer contribuições significativas para a economia e o desenvolvimento socioeconômico, além de exercer um importante papel conservacionista dos ecossistemas marinhos.

De acordo com Letícia Costa Lotufo, especialista em Biologia Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a biotecnologia marinha abarca um amplo espectro de organismos, desde microrganismos como microalgas, bactérias e fungos, até macroalgas e invertebrados. A exploração desses recursos pode gerar avanços em diversos setores como alimentação, saúde, cosméticos e até na confecção de roupas e embalagens, com a vantagem de se apoiar em cadeias produtivas sustentáveis.

A especialista salienta o papel vital do oceano na regulação do clima, armazenamento de carbono e na produção de oxigênio, destacando o potencial da biotecnologia para restaurar e conservar os ecossistemas marinhos. Perante tal potencial, a biotecnologia marinha posiciona-se como uma esperança promissora na promoção de um uso mais consciente e sustentável dos recursos oceânicos.

No entanto, para que a promessa de sustentabilidade seja efetivamente cumprida, é crucial avaliar os possíveis impactos ambientais deste tipo de tecnologia. Lotufo lembra que a exploração indiscriminada de recursos biológicos marinhos já resultou na redução drástica de certas espécies, exemplificando com a coleta de algas nas praias do Nordeste que afetou significativamente tanto a flora local quanto a fauna que dependia deste habitat.

Outro ponto crucial apontado pela especialista reforça a importância da inclusão das comunidades locais nas atividades relacionadas à biotecnologia marinha. Isso inclui a valorização do conhecimento tradicional e a promoção da participação ativa dessa população nos processos produtivos, assegurando que os benefícios sejam compartilhados de forma justa e que a exploração seja feita de maneira responsável.

É imperativo que a biotecnologia marinha caminhe lado a lado com políticas e regulamentações que garantam sua prática sob os preceitos do desenvolvimento sustentável. Deste modo, profissionais de engenharia, cientistas e decisores políticos são convidados a compor uma narrativa coesa que equilibre inovação, crescimento econômico e responsabilidade ambiental.


Fonte: https://jornal.usp.br/radio-usp/biotecnologia-marinha-e-uma-importante-estrategia-de-utilizacao-sustentavel-do-oceano/

Compartilhar