Bioeconomia da UE demonstra resiliência durante a pandemia de COVID-19 em 2020

Em um artigo recente publicado na revista “Bio-based and Applied Economics”, pesquisadores da Comissão Europeia e da Universidad Loyola Andalucía analisaram o desempenho da bioeconomia da UE durante a pandemia de COVID-19 em 2020. O estudo, intitulado “Bioeconomia e resiliência a choques econômicos: insights da pandemia de COVID-19 em 2020”, oferece insights valiosos sobre a capacidade de resistência do setor da bioeconomia em face de desafios econômicos significativos.

A bioeconomia, que abrange todas as atividades econômicas dependentes de recursos biológicos, incluindo setores de produção e processamento de biomassa e serviços relacionados, é considerada um elemento-chave para a transição para uma economia verde e justa na UE. A estratégia da bioeconomia da UE, lançada em 2012 e atualizada em 2018, coloca-a como habilitadora e resultado dessa transição, com sinergias identificadas com a abrangente Estratégia do Pacto Verde Europeu.

Usando os últimos dados de emprego e valor agregado nos setores da bioeconomia, o estudo mostrou que, embora o emprego na bioeconomia tenha registrado uma queda semelhante à média da UE (-1,7% vs. -1,4%), o valor agregado caiu substancialmente abaixo da média (-0,4% vs. -4,0%). Isso sugere um nível potencialmente mais alto de resiliência dos setores da bioeconomia em comparação com a economia geral. Notavelmente, os setores de processamento de biomassa mais contemporâneos, como produtos químicos e farmacêuticos, bem como bioeletricidade, tiveram um desempenho melhor do que os setores mais tradicionais, como alimentos ou têxteis.

Em nível de Estados-membros, observou-se uma alta heterogeneidade no desempenho setorial. A análise detalhada por país revelou padrões diversos, com alguns setores-chave impulsionando o crescimento em determinados países. Por exemplo, produtos de madeira e móveis foram significativos em países do Leste e do Norte da Europa, enquanto a fabricação de alimentos, bebidas e tabaco teve um papel importante na França, Dinamarca e outros.

O estudo também analisou as tendências setoriais durante a pandemia, identificando quebras comuns em determinados setores em vários países. Uma comparação dos resultados com estudos anteriores destacou a resiliência dos setores da bioeconomia, apesar dos desafios enfrentados durante a pandemia, como mudanças na demanda e escassez de mão-de-obra.

Essas descobertas são cruciais para entender a capacidade da bioeconomia de lidar com choques econômicos e ressaltam a importância de fortalecer as cadeias de valor baseadas em biomassa na UE. Elas fornecem evidências empíricas que apoiam a literatura acadêmica e os documentos de políticas que defendem a necessidade de reforçar as cadeias de valor baseadas em biomassa para alcançar metas de sustentabilidade e aumentar a resiliência socioeconômica a choques econômicos e interrupções nas cadeias de valor globais.

O estudo, embora limitado pela disponibilidade de dados, abre caminho para pesquisas futuras sobre o impacto completo da pandemia na bioeconomia, incluindo a recuperação em 2021 e o impacto da invasão russa da Ucrânia a partir de 2022.

Em suma, o artigo traz importantes contribuições para o entendimento da bioeconomia na UE, destacando sua resiliência durante a pandemia de COVID-19 e reforçando seu papel estratégico no contexto de desafios globais.

Fonte: J. Lasarte-López, N. Grassano, R. M’barek, T. Ronzon, “Bioeconomy and resilience to economic shocks: insights from the COVID-19 pandemic in 2020,” Bio-based and Applied Economics, vol. 12, no. 4, pp. 367-377, 2023. [Online]. Disponível em: DOI: 10.36253/bae-14827

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