Bioeconomia da sociobiodiversidade: o futuro sustentável da neoindustrialização do Brasil

A busca por estratégias sustentáveis de desenvolvimento tem impulsionado debates em inúmeros setores, e a Bioeconomia da Sociobiodiversidade desponta como um vetor crítico na neoindustrialização do Brasil. Neste contexto, são relevantes as iniciativas que interligam a utilização dos recursos biológicos renováveis à transição energética, em uma tentativa de traçar um planejamento que harmonize produção econômica e conservação ambiental no país.

O Plano de Ação para Ciência, Tecnologia e Inovação de 2018 no Brasil representa um marco na incorporação da bioeconomia às políticas públicas nacionais, uma diretriz que vem se orientando fortemente pela exploração sustentável da biomassa e por práticas que vão além do extrativismo florestal ou da produção agrícola convencional, apontando para um conceito mais robusto e contemporâneo.

Um elemento distintivo da Bioeconomia da Sociobiodiversidade é o seu enraizamento nas práticas de povos indígenas, comunidades quilombolas e agricultores familiares, que ao longo dos anos vêm estruturando cadeias produtivas que não apenas contribuem para o desenvolvimento sustentável, mas também asseguram a inclusão produtiva e um melhor esquema de distribuição de renda.

O Programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade, com a sua visada estratégica, objetiva fomentar uma nova resposta ao desmatamento e promover alianças produtivas no âmbito da saúde e da alimentação, as quais poderão impulsionar de modo decisivo a inserção de produtos brasileiros nos mercados nacional e internacional. Tal programa surge como uma reação inovadora diante dos desafios contemporâneos enfrentados pelo país no gerenciamento de seus ricos biomas.

Além disso, a neoindustrialização proposta não opera meramente através das forças de mercado ou de políticas top-down, mas requer o ingresso ativo das comunidades nos processos de decisão, perpetuando os aspectos inerentes aos locais e sociedades implicadas. Tal perspectiva endógena sugere uma radical reconfiguração do desenvolvimento local brasileiro, agora visto através da lente da sustentabilidade.

O exemplo do manejo do pirarucu e da extração sustentável do pau-rosa aponta como a bioeconomia pode prosperar, integrando conhecimento científico e saberes tradicionais em prol da conservação da biodiversidade e da valorização do patrimônio social das comunidades. Estas práticas produtivas vêm demonstrando não apenas eficácia econômica mas também respeito aos princípios da conservação ambiental.

Enquanto a bioeconomia avança em diversas frentes e se consolida como um dos temas centrais nas discussões sobre o futuro do Brasil, fica evidente a necessidade de superar obstáculos políticos, científicos e estruturais para que seu potencial pleno seja alcançado. Iniciativas como os seminários da Finep e a Quinta Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Industrialização refletem o esforço do país de alavancar discussões e soluções concretas nessa área.

Em suma, a Bioeconomia da Sociobiodiversidade oferece um cenário promissor para o Brasil, pavimentando um caminho onde a prosperidade e a sustentabilidade caminham juntas em direção a um futuro inovador e equitativo para todos.


Fonte: https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/o-que-e-a-bioeconomia-da-sociobiodiversidade-e-qual-seu-papel-na-neoindustrializacao-do-brasil/

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