Bioeconomia como vetor estratégico para o aumento da complexidade econômica e competitividade industrial
O cenário atual de desenvolvimento industrial e econômico global tem despertado nas nações a necessidade de inovar em estratégias para alcançar crescimento sustentável e vantagens competitivas. Nesse contexto, o conceito de complexidade econômica, uma teoria desenvolvida por César Hidalgo e Ricardo Hausmann, ambos da Universidade de Harvard, vem ganhando destaque como um caminho viável para países como o Brasil melhorarem sua posição em âmbito global.
Segundo essa teoria, a complexidade econômica de um país está relacionada à diversidade e ao conhecimento embutido em seus produtos e serviços. O Índice de Complexidade Econômica (ECI) mede essa multiplicidade, revelando como economias mais complexas podem ser mais resilientes e competitivas. A correlação entre um ECI mais alto e o grau de inovação de uma nação é forte, exemplificada por países como a Coreia do Sul, que se destaca por seu alto grau de desenvolvimento e competitividade internacional, conquistado por meio de investimentos em educação, infraestrutura e integração global.
No caso brasileiro, a bioeconomia desponta como um campo promissor para aumentar essa complexidade econômica e diversificar o parque industrial. Esse setor, ancorado na utilização de recursos biológicos, se alinha à demanda mundial por estratégias mais sustentáveis e pode contribuir para uma significativa expansão do PIB, além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) em colaboração com instituições como Embrapa Agroenergia e CNPEM/MCTI, a bioeconomia tem o potencial de agregar quase US$ 290 bilhões ao PIB nacional e diminuir em torno de 550 milhões de toneladas a emissão de carbono nos próximos 27 anos. A importância desse estudo está na projecção de como as tendências atuais de substituição de recursos fósseis por renováveis e a demanda por maior sustentabilidade podem ser catalisadoras para a diversificação industrial do Brasil.
O ideal de reverter a percepção de uma agricultura de baixa complexidade industrial é tangível no Brasil, visto que o setor agrícola possui amplo acesso a recursos naturais. Tal acesso possibilita a entrada em nichos industriais avançados, como nos ramos de energia e química, dentre outros. Especialmente relevante é o potencial desenvolvimento associado à economia do hidrogênio, marcada como a fonte energética do futuro, indicando um alinhamento com as metas globais de sustentabilidade e a oportunidade de o Brasil se posicionarse como um líder em bioindústria e energia renovável.
Nessa visão, a bioeconomia e a economia do hidrogênio podem operar em sinergia, transformando o Brasil num player inovador e competitivo no mercado global. As possibilidades de expansão são enormes, e os avanços nesse setor podem colocar o país em uma posição destacada na vanguarda de um modelo econômico mais equilibrado e responsável.