Avanços na Bioeconomia Circular: Um Futuro Sustentável é Traçado
Profissionais e entusiastas da bioeconomia, muito temos discutido a respeito da sustentabilidade e inovação nas dinâmicas produtivas e de consumo da sociedade contemporânea. Nessa linha, a bioeconomia circular se destaca como uma abordagem essencial para lidar com as crises planetárias de clima, perda de biodiversidade e poluição. Assim, trazemos luz a esta temática estratégica para fomentar a reflexão sobre os desafios e as oportunidades que se apresentam.
Desde a sua introdução no espaço de políticas europeias em 2014, a bioeconomia circular ganhou reconhecimento e aceitação. O conceito, embasado no funcionamento da própria natureza, onde nada é perdido e tudo tem um propósito, é indiscutivelmente o sistema mais antigo do planeta e um exemplo a ser seguido para garantir nossa resiliência e prosperidade dentro dos limites do nosso planeta.
A importância da decuplagem entre crescimento econômico, bem-estar e uso insustentável de recursos naturais ressalta o papel da bioeconomia circular como instrumento eficaz nessa direção. Além disso, ela faz parte de uma transformação econômica, societal e cultural mais ampla que busca alcançar os objetivos do Pacto Verde Europeu e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Apesar de avanços no reconhecimento de soluções de economia circular pelas políticas públicas, e com certos atores já operacionalizando a decuplagem na prática, notamos um enfoque mais intenso nos aspectos tecnofísicos do que na ala da biosfera de materiais renováveis. É essencial ampliar os investimentos em soluções baseadas na natureza, as quais podem gerar novos fluxos de receita e maior engajamento da sociedade.
A demanda futura por biomassa está prevista para aumentar e, para aproveitar esse potencial de maneira responsável, devemos seguir princípios e critérios de sustentabilidade claros. O uso em cascata da biomassa deve ser a norma, com prioridade para usos de longo termo e aplicações que substituam materiais de impacto elevado, por exemplo, substituir plásticos por papel em embalagens ou aço e concreto por madeira na construção civil.
É importante ressaltar que mais do que gerir cadeias de suprimento, eficiência de recursos e gestão de resíduos, a real oportunidade está em reduzir a demanda por energia e materiais através de intervenções sistêmicas que desencorajem o uso desnecessário destes recursos. Há necessidade de maior atenção política para sistemas intensivos em energia e recursos, como mobilidade, habitação e nutrição.
Quando confrontados com desafios significativos, como aprendemos com a pandemia, somos capazes de promover mudanças comportamentais e sistêmicas. Está ao nosso alcance, como sociedade, redefinir nossa relação com a natureza e integrar medidas que fortaleçam nossa resiliência coletiva. A bioeconomia circular se destaca como um componente vital para um futuro verde e próspero, porém, exige de nós uma abordagem disciplinada e orientada à sustentabilidade.
A futura verde está diante de nós e é uma escolha mais do que econômica ou tecnológica, mas principalmente moral. Diante disso, cabe a nós, profissionais da área, liderarmos o caminho para que essa visão se materialize, pois, sem uma transição para práticas sustentáveis, o futuro se torna incerto.