Apesar da redução, alertas de desmatamento na Amazônia e Cerrado acendem alerta em 2024

A Amazônia Legal Brasileira (ALB) testemunhou uma redução de cerca de 30% na área sob alerta de desmatamento no mês de fevereiro de 2024, somando 226,28 km2, conforme dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Essa quantidade representa a segunda maior para o período desde o começo da série histórica, apesar do declínio significativo em relação ao ano anterior.

Em comparação ao mês de janeiro de 2024, fevereiro apresentou um aumento de 90% na área de alerta de desmatamento, mas quando observamos os meses de janeiro e fevereiro combinados, houve uma baixa de 31,6% na região em 2024, com 324,5 km2 desmatados frente a 474,4 km2 no mesmo período de 2023. Entretanto, a eficácia do monitoramento por satélite pode ser diminuída pela cobertura de nuvens, comum neste período do ano, o que pode postergar o registro de áreas desmatadas para meses subsequentes.

Os estados com os maiores índices de desmatamento na Amazônia no mês de fevereiro foram Mato Grosso, Pará, Roraima, Amazonas e Rondônia, sendo o Mato Grosso o maior contribuidor para a queda observada na ALB, com uma redução expressiva de 59% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Rondônia e Amazonas também registraram quedas notáveis, enquanto Roraima e Pará tiveram aumentos consideráveis nos alertas. Caracarai, em Roraima, e Novo Aripuana, no Amazonas, foram os municípios mais afetados, e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós, no Pará, foi a área protegida mais impactada.

Por outro lado, o bioma Cerrado apresentou números preocupantes, com 655,51 km2 de desmatamento apenas em fevereiro de 2024, uma alta recordista para o período. Comparando os dois primeiros meses do ano, houve uma leve queda de 4,2% no Cerrado, graças à diminuição dos alertas em janeiro em relação a 2023. Maranhão, Tocantins e Mato Grosso estão no topo da lista de estados do Cerrado com maior área desmatada, com aumentos significativos na taxa mensal. Contudo, a Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul mostraram declínios nas áreas desmatadas, com a Bahia em destaque pela redução de 79%.

A região de MATOPIBA foi responsável por 76% do desmatamento do Cerrado no período. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) alertou que sem ações efetivas, o desmatamento do Cerrado poderá atingir 12 mil km2 até o final do ano. E, diante dos desafios no Cerrado, Cintia Cavalcanti, analista do Programa de Cadeias Agropecuária da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, enfatiza a necessidade de mecanismos de incentivo à conservação que cheguem aos produtores rurais, como os Pagamentos por Serviços Ambientais previstos no Código Florestal. Ela ressalta que tais incentivos são cruciais para a mudança da tendência atual de conversão de áreas para uso agropecuário.


Fonte: https://amazonia.org.br/2024/03/desmatamento-na-amazonia-em-fevereiro-reduz-mas-e-o-segundo-maior-da-serie-historia/

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