A crescente preocupação na esfera internacional quanto aos riscos climáticos e ambientais, apontados como as maiores ameaças que o mundo enfrentará na próxima década, emerge como um chamado urgente para a ação responsável das indústrias. A tessitura entre desenvolvimento corporativo e sustentabilidade está ganhando contornos cada vez mais nítidos com o desafio de empregar influência e recursos em prol de metas globais.
Revela-se que as 2.000 empresas mais influentes do planeta, correspondentes a aproximadamente 42% do PIB global, não estão apenas equivocadas em sua capacidade de emissão de gases de efeito estufa, mas apresentam uma falha significativa em utilizar sua imensa influência para ajudar na conquista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). O progresso atual é desanimador, com apenas 12% dos ODS em caminho satisfatório de realização, deixando lacunas em questões vitais como pobreza, igualdade de gênero, mudanças climáticas e perda de biodiversidade.
Setores como o de óleo e gás, exemplificados por grandes corporações como ExxonMobil, Shell, Chevron e BP, são identificados como cruciais, mas insuficientes nas medidas necessárias para confinar o aquecimento global abaixo de 1,5°C. Entretanto, a atenção se expande para além desses, alcançando o impactante setor alimentício, responsável por um terço das emissões de gases de efeito estufa e, ainda assim, relutante em perseguir a neutralidade de carbono e a conservação da natureza.
Em contrapartida, exemplos da indústria de energia limpa, como a firma dinamarquesa Ørsted, e avanços significativos na indústria automotiva, mostram uma aceleração positiva rumo à sustentabilidade, sublinhando o potencial de conciliar lucratividade e progresso ecológico.
Diante da inércia, surge a questão: como motivar empresas a liderar no clima? O custo atual de negligenciar a liderança em práticas sustentáveis é insuficiente, assim como o benefício de ser pioneiro. A World Benchmarking Alliance (WBA) procura quebrar esse ciclo ao divulgar dados sobre o desempenho das empresas em relação aos ODS, fomentando a transparência para o público, investidores e reguladores. Esforços para distinguir financeiramente as empresas sustentáveis das retardatárias estão em curso.
O cenário é, portanto, duplamente crítico: por um lado, a percepção do impacto climático por líderes empresariais não parece traduzir-se em ações eficazes ou alterações nos modelos de negócios, apesar de crescentes reconhecimentos das pressões do clima sobre a longevidade corporativa. Por outro lado, práticas sustentáveis poderão não apenas ser eminentemente necessárias, mas também servir como um bastião para a confiança empresarial, demandando um alinhamento das atividades com as expectativas da sociedade.
Assim sendo, a contar das considerações levantadas, líderes empresariais precisarão de uma resposta assertiva aos desafios impostos, implicando uma reestruturação da criação de valor e uma comunicação transparente sobre suas contribuições para a sustentabilidade. A responsabilidade das empresas na reconstrução da confiança é um eco contínuo no debate sobre desenvolvimento sustentável, e sua ação consciente pode ser a chave pivotante para uma órbita mais verde para o futuro da economia global.