Agenda ambiental da Amazônia: desafios e estratégias rumo ao desenvolvimento sustentável

A preservação da Amazônia é um tema que, devido à sua relevância para o equilíbrio climático e a biodiversidade global, ocupa centralidade na agenda ambiental brasileira e mundial. Avanços e obstáculos no caminho para um desmatamento zero, bem como estratégias para impulsionar práticas econômicas sustentáveis, constituem um debate complexo que requer atenção e ação integrada.

Historicamente negligenciada, a Amazônia emerge como uma área chave para a sustentabilidade ambiental. A ocupação desta região foi muitas vezes acompanhada de expansão de infraestrutura e interesses voltados para agropecuária, resultando em desmatamento e conflitos territoriais. Porém, ações inovadoras de monitoramento e controle do desmatamento implantadas pelo Brasil levaram a uma expressiva redução na derrubada de florestas entre 2004 a 2012, estabelecendo metas audaciosas no Acordo de Paris.

Não obstante, os planos diversificados para a região amazônica frequentemente obscurecem os esforços unificados para mitigar as crises ambientais. É nesse contexto que se busca a valorização do conhecimento das comunidades locais e a adoção de uma abordagem de bioeconomia, capaz de preservar a floresta. Esta abordagem requer uma governança eficaz e a integração de múltiplos setores em prol da sustentabilidade.

O papel da fiscalização, monitoramento e legislação ambiental é crucial para prevenir e combater o desmatamento e a degradação. A eficácia da lei de proteção da vegetação nativa, juntamente com a regularização ambiental de propriedades rurais e a aplicação do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização Ambiental são essenciais para mitigar as perdas de vegetação nativa.

A estratégia de expandir o sistema de áreas protegidas já demonstrou ser efetiva na redução do desmatamento, mostrando que a designação de terras públicas para áreas protegidas pode ser um caminho viável. Além disso, a criação de novas unidades precisa alinhar-se ao conhecimento ecológico local e deve ser acompanhada por um diálogo aberto com as comunidades.

O conceito de bioeconomia surge como uma proposta promissora de desenvolvimento, sustentada pelo conhecimento e manejo da biodiversidade pelas populações tradicionais. No entanto, para que essa forma de economia ganhe escala é preciso investir em inovação e fortalecer o sistema de ciência e tecnologia da região.

Outro pilar fundamental é a restauração das áreas desmatadas e degradadas. Destacam-se medidas de regeneração natural e abordagens bioculturais de restauração que englobam a participação das comunidades locais, a eliminação de fatores de degradação e o planejamento para prevenir incêndios florestais.

É imprescindível que a abordagem de restauro florestal valorize a complexidade ecossistêmica que plantações homogêneas de árvores não são capazes de recriar. Assim, métodos que efetivamente promovem a regeneração biótica e a estrutura trófica são favorecidos.

Diante desses desafios, torna-se evidente a necessidade de uma estratégia de conservação e restauração na Amazônia que envolva não apenas aspectos técnicos e políticos, mas promova a co-criação com as comunidades tradicionais e respeite suas práticas culturais. A vasta diversidade de agentes e instituições envolvidas na preservação dessa região essencial, tanto para o desenvolvimento local quanto para a saúde global, demanda cooperação e coordenação para fomentar um desenvolvimento sustentável que possa transcendender os problemas históricos da Amazônia.


Fonte: https://revistacienciaecultura.org.br/?artigos=desafios-para-o-enfrentamento-da-crise-ambiental-da-amazonia

Compartilhar