A conquista da Indicação Geográfica (IG) para o açaí de Feijó impulsiona a trajetória de valorização da bioeconomia no Acre, uma região notória por sua biodiversidade e recursos naturais. A cidade de Feijó, distante 363 km de Rio Branco e com 35.426 habitantes, solidifica sua fama como ‘Terra do Açaí’, graças ao reconhecimento concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em setembro de 2023.
O registro garante ao produto uma identidade que ressalta suas características únicas, influenciadas pelo solo, clima, e práticas culturais de sua região de origem. Junto à valorização do fruto, ocorre o fortalecimento da economia local, a preservação cultural e o estímulo ao desenvolvimento sustentável na bioeconomia acreana.
O trabalho colaborativo, iniciado em 2021 entre Sebrae Acre, governo estadual, produtores e associações locais, culminou na 107ª IG brasileira para o Acre, com o açaí de Feijó seguindo os passos da farinha de Cruzeiro do Sul, obtenção de IG desde 2017. Com a concessão da IG, um novo horizonte se abre, com estratégias focadas em capacitação dos produtores, promoção do produto e inserção em mercados nacionais e internacionais.
O reconhecimento assenta sobre a base histórica do fruto na região, um trabalho documentado por Irineida Nobre, que revela como o açaí é interligado à essência de Feijó. Essa integração cultural foi fundamental no processo de IG, destacando Feijó como ‘Capital do Açaí’ e realça a importância da tradição dos povos originários na prática extrativista local.
O mapeamento dos açaizais com a ajuda de Embrapa e a organização dos produtores indicam o caminho para o Estado em solidificar o açaí como uma cadeia produtiva robusta. A venda do açaí, uma das principais atividades econômicas locais, é resultado de uma operação que alia a tradição à tecnologia. A nova fase inclui o uso de drones para um mapeamento detalhado que capacitará os produtores a atender a demanda, tanto já existente quanto potencial.
A estruturação da AçaíCoop Feijó, com seus 60 cooperados, simboliza o esforço conjunto para fortificar a qualidade produtiva do açaí. Essa organização coletiva vislumbra a expansão da presença do açaí de Feijó em diversos mercados, reforçando a conexão entre a sustentabilidade da floresta e o bem-estar das comunidades locais que dela dependem.
O acompanhamento da Embrapa no processo de domesticação das palmeiras açaizeiras e as pesquisas visando a otimização do cultivo irão impulsionar ainda mais a produção. O planejamento envolve alternativas como sistemas agroflorestais, que propiciam rendas alternativas até que o açaí atinja sua plenitude produtiva.
Finalmente, as certificações alcançadas e os futuros avanços dependem da convergência de esforços entre entidades públicas e privadas. Essa sinergia é essencial para manter a qualidade, a segurança para o consumidor e, principalmente, para que os produtores sejam os maiores beneficiados no processo de geração e distribuição de renda.