Estudo aponta custo de R$15,96 bilhões para recuperação de pastagens degradadas no Pantanal
Um estudo desenvolvido pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que seriam necessários aproximadamente R$ 15,96 bilhões para recuperar e reformar todas as áreas de pastagem do Pantanal que encontram-se degradadas. Neste bioma, 50% das pastagens sofrem degradação severa, enquanto 35% apresentam degradação moderada e apenas 15% estão livres de degradação, de acordo com o Map Biomas.
A importância de compreender os diferentes graus de degradação fica evidente na definição das estratégias de recuperação. Sabrina de Matos Carlos, pesquisadora do Observatório da FGV, enfatiza que áreas em estágios iniciais requerem intervenções menos intensas e custos operacionais menores, ao passo que pastagens com degradação avançada necessitam de ações mais intensivas e custosas. A condição crítica da degradação afeta diretamente a produtividade, a qualidade da forragem e a resistência a doenças e pragas.
Leonardo Gomes, Diretor de Relações Institucionais do Instituto SOS Pantanal, destaca a carência de políticas públicas eficazes na prevenção e controle do bioma em Mato Grosso do Sul, além da falta de incentivo econômico aos produtores que conservam o ecossistema. A restauração de áreas degradadas já existentes são iniciativas de menor escala e elevado custo.
A relação custo-benefício indica que a conservação ambiental é mais vantajosa financeiramente. O aceleramento do desmatamento no Pantanal foi potencializado pelo Decreto Estadual 14.273, de 8 de outubro de 2015, que autoriza a supressão de até 60% da vegetação nativa não arbórea e 50% das árvores em fazendas pantaneiras. Desde a implementação deste decreto, houve um aumento de 82,7% na média anual de área desmatada.
Uma investigação do Ministério Público Estadual (MPE) indica que justificativas para tais políticas de desmatamento foram baseadas em estudos questionáveis. Há alegações de que a pesquisa da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) utilizada para apoiar o decreto foi, na verdade, encomendada por interesses privados e não representa a posição da Esalq-USP. A recomendação do MPE agora é suspender novas licenças para desmatamentos, e realizar uma avaliação integrada do impacto ambiental dos desmatamentos recentes.
Estas informações são cruciais para o setor de bioeconomia e enfatizam a urgência de se desenvolver políticas públicas e práticas sustentáveis, a fim de manter a integridade de um dos biomas mais ricos e importantes do Brasil. Com tais desafios em pauta, a bioeconomia surge como aliada fundamental na busca por soluções que articulem avanços econômicos e preservação ambiental.
Fonte: https://correiodoestado.com.br/cidades/fsfafafa/418402/