O alarmante cenário da exploração ilegal de ipês no estado do Pará, líder na produção e exportação dessa valiosa madeira no Brasil, vem sendo destacado como um importante ponto de atenção no que tange à política ambiental e ao comércio ilegal de madeira. Em uma reportagem baseada em estudos publicados na revista Nature Sustainability, dados preocupantes foram revelados: cerca de 75% do ipê extraído na região entre 2009 e 2019 provém de práticas ilícitas, incluindo a retirada sem autorização e declarações fraudulentas de volume por proprietários de terras.
Este estudo levantou informações advindas de licenças para extração madeireira e documentos de origem florestal, além de analisar estudos sobre rendimento de toras e volumes de madeira processados nas serrarias. A pesquisa indica que o ipê, devido à sua resistência e beleza, é altamente procurado para a fabricação de móveis e decks, principalmente em mercados de luxo na América do Norte e Europa. Tal demanda impulsionou um aumento de quase 80% nas exportações brasileiras dessa madeira na última década.
Em novembro de 2022, houve uma restrição no comércio global de ipê devido à superexploração e à crescente demanda mundial, como relatado pelo ((o))eco. Diante desse contexto, um levantamento realizado por ONGs brasileiras, utilizando dados do sistema não-governamental Simex, que monitora a exploração madeireira, mostrou que entre agosto de 2021 e julho de 2022, 17,8 mil hectares – correspondentes a 46% – dos 38 mil hectares com exploração madeireira no Pará foram marcados por retiradas ilícitas. A extração irregular tem avançado em florestas não destinadas e continua ocorrendo em unidades de conservação e em terras indígenas.
Esses dados traçam uma realidade complexa e desafiadora para a bioeconomia, onde a busca por uma exploração madeireira sustentável na região Amazônica enfrenta obstáculos significativos relacionados à criminalidade e falhas na fiscalização. É essencial que os engenheiros, profissionais e interessados na área acompanhem de perto tais desenvolvimentos, não apenas para manter-se informados, mas também para promover práticas de sustentabilidade e ESG que contribuam para a preservação da biodiversidade e a manutenção do equilíbrio ecológico.
Fonte: https://oeco.org.br/salada-verde/75-do-ipe-do-para-e-extraido-ilegalmente/