Um recorde alarmante foi registrado em 2023, tornando-o o ano mais quente já medido, com temperaturas globais atingindo novos máximos. Uma nova pesquisa avaliou o aumento contínuo da temperatura desde 1940 e suas implicações em termos de perigos naturais. O aquecimento global está conectado diretamente com um elevado risco de eventos climáticos extremos, tais como inundações, furacões tropicais, tempestades de inverno na Europa e tempestades severas convectivas – os fenômenos meteorológicos que mais acarretam perdas econômicas. Estes quatro perigos, conforme a análise, são responsáveis por uma expectativa de perdas econômicas da ordem de USD 200 bilhões anuais.
As consequências econômicas do aumento de temperaturas não se limitam a valores abstratos, mas têm um impacto profundo em países individualmente. O estudo revelou que, comparativamente, as Filipinas são o país com maior potencial de perdas econômicas em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB), seguido pelos Estados Unidos. Enquanto as Filipinas apresentam uma probabilidade mais alta de intensificação dos riscos climáticos, os EUA, que já lideram em termos de perdas econômicas absolutas, possuem uma probabilidade média desses perigos se intensificarem.
A resiliência climática foi um ponto chave analisado na pesquisa, focando na penetração do seguro contra perigos relacionados ao clima e na capacidade de um país em se recuperar financeiramente após desastres. A China e a Índia foram identificadas como duas das grandes economias globais menos preparadas para lidar com o aumento das perdas decorrentes da intensificação de perigos naturais. O estudo sugere que a adaptação, por meio de ações como a aplicação de códigos de construção rígidos, o aumento da proteção contra inundações e a desincentivação de assentamentos em áreas de risco, pode reduzir significativamente as perdas potenciais.
Importante ressaltar, no entanto, que medidas de adaptação e seguros são métodos de responder aos efeitos do aquecimento global, mas não substituem a necessidade vital de mitigação – a redução das emissões é essencial para combater os efeitos econômicos gerais do aquecimento. O desafio da sustentabilidade financeira surge como barreira para muitos países, portanto, destaca-se a importância de engajar o setor privado na financiamento de projetos de mitigação e adaptação. Segundo dados de 2022, existe uma lacuna de investimento acumulado de mais de USD 270 trilhões necessários para alcançar as emissões líquidas zero até 2050.
Nesse contexto, a indústria de seguros é vista como um ator essencial, capaz de apoiar não apenas na oferta de coberturas para projetos alinhados ao clima, como também no fomento ao comportamento de mitigação de perdas. A atual marca de USD 5.6 trilhões no mercado de dívida sustentável, embora expressiva, não atinge 5% dos mercados globais de títulos, expondo a existência de um vasto campo para expansão do capital privado em iniciativas sustentáveis e de adaptação climática.