Visões sobre Bioeconomia na Amazônia para atuação da EMBRAPA

A bioeconomia vem ganhando cada vez mais destaque nos debates sobre caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Diante desse contexto, compreender as múltiplas visões e abordagens sobre a bioeconomia que estão sendo discutidas e propostas para a região amazônica é fundamental para apoiar estratégias e ações das instituições de ciência, tecnologia e inovação que atuam nesse ambiente.

A Amazônia apresenta grande diversidade e complexidade territorial, com a presença de numerosas áreas protegidas como terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas, que convivem com áreas de produção agropecuária. Há também ampla diversidade nos sistemas produtivos da região, com destaque para as cadeias de valor e produtos oriundos da sociobiodiversidade, como o açaí, a castanha-do-brasil e o babaçu. Diversos atores públicos, privados e da sociedade civil integram o ecossistema regional de inovação na Amazônia.

Diferentes visões e abordagens sobre o que significa e como implementar a bioeconomia vêm sendo discutidas e propostas para a região amazônica. Essas visões partem de perspectivas mais focadas no uso da biotecnologia e no aproveitamento industrial da biomassa florestal até propostas que enfatizam a importância de estruturar cadeias de valor da sociobiodiversidade, valorizando o conhecimento tradicional das populações locais. Uma das visões que vem ganhando destaque é a da bioeconomia amazônica com enfoque bioecológico, que considera três eixos principais: a sociobioeconomia, a bioeconomia de base florestal e a agrobioeconomia.

O desenvolvimento da bioeconomia na região amazônica, se implementado de forma adequada e inclusiva, apresenta diversas oportunidades positivas, como a melhoria da qualidade de vida e das condições econômicas das populações locais, a valorização da rica biodiversidade amazônica, a promoção da segurança alimentar e o fortalecimento dos sistemas produtivos tradicionais. Por outro lado, também existem riscos potenciais associados a um aumento inadequado da demanda por determinados produtos, ao possível aumento das taxas de desmatamento, à intensificação da produção sem a governança adequada e à exploração das populações tradicionais da região.

A Embrapa possui ampla experiência e capacitação técnico-científica para apoiar o fortalecimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade amazônica de forma sustentável. A instituição pode contribuir com pesquisas e soluções tecnológicas adequadas à realidade da bioeconomia amazônica, com a articulação entre os diversos atores dos sistemas produtivos e de inovação da região e com subsídios qualificados para políticas públicas voltadas ao tema. O caminho para que a bioeconomia se consolide como uma alternativa de desenvolvimento sustentável para a Amazônia passa, sem dúvida, pela integração entre ciência, tecnologia e inovação com as formas de conhecimento tradicional das populações que há séculos convivem com a floresta.

A convergência das visões sobre o potencial e os desafios de uma bioeconomia amazônica que valorize os ativos ambientais, sociais e culturais da região, tendo como base a sociobiodiversidade e a permanência da floresta, abre boas perspectivas para ações coordenadas e sinérgicas entre os diversos atores do poder público, da sociedade civil e da iniciativa privada que buscam caminhos de desenvolvimento sustentável para este que é o maior bioma brasileiro.

Fonte: “Visões sobre bioeconomia na Amazônia: Oportunidades e desafios para a atuação da Embrapa. Consult. 2023-11-20. Disponível: https://www.embrapa.br/documents/10180/26187851/Visoes+sobre+bioeconomia+na+Amazonia+-+ed01+2023.pdf/895289a8-2810-29d0-89b1-49425e3df19c

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