O setor de logística global, responsável por 11% das emissões mundiais, está sob uma renovada atenção no que diz respeito a sua contribuição para a luta contra as mudanças climáticas. Recentemente, um relatório Europeu de Logística e Sustentabilidade da Cadeia de Suprimentos de 2023 apontou que a sustentabilidade está cada vez mais presente nos critérios de decisão das empresas, com 72% dos embarcadores incluindo objetivos de sustentabilidade em seus processos de licitação. Mais ainda, 56% dos embarcadores estão dispostos a encerrar contratos caso metas de sustentabilidade não sejam cumpridas, e 53% excluem transportadoras por não atingirem esses critérios.
Diante desse cenário, 2024 promete ser um ano de transição e redefinição para os operadores logísticos e a indústria de forma mais ampla. Com a introdução do padrão de divulgação relacionado ao clima ISSB IFRS S2, que embora não tenha força de lei, já influencia os governos a adotarem tais recomendações em seus padrões de relatórios de emissões. A União Europeia, com a CSRD, lidera a implementação de regulações em relatórios de emissões, exigindo que a partir de 2024 as empresas divulguem suas emissões de escopo 3, com o Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Brasil seguindo a mesma tendência.
A subestimação, por parte de transportadoras, do valor dos dados de remessa que possuem – fundamentais para medições precisas e credenciadas das emissões da cadeia de suprimentos – está se tornando evidente. Esses dados possibilitam que suas empresas clientes preparem relatórios de emissões da cadeia de suprimentos de forma proativa e de acordo com as exigências regulatórias pendentes.
Além do mais, o avanço de frameworks de relatórios de emissões especializadas no setor é notável. O GLEC Framework, do Smart Freight Centre, e a novíssima ISO 14083 são exemplos de iniciativas que guiam a transição da indústria para o zero líquido. Espera-se que esses frameworks obtenham cada vez mais adoção mundial em 2024, empurrando o setor em direção à padronização.
No período que está por vir, uma área de interesse particular é o desenvolvimento de um framework de ‘insetting’, diferenciando-se do ‘offsetting’ pela ação direta dentro da própria cadeia de suprimentos para redução de carbono ao invés da compra de créditos de carbono de projetos verificados externamente. Ainda é necessária a criação de metodologias padronizadas e procedimentos acordados globalmente para verificação e reivindicação de projetos de insetting, mas com o avanço das diretrizes e frameworks adaptados à indústria, espera-se um aumento na participação das empresas.
Para 2024, não está prevista a prevalência de aviões movidos a hidrogênio nem navios de carga elétricos, mas haverá passos significativos para moldar um ambiente propício a reduções de emissões. Uma medida crítica que transportadoras – independentemente do tamanho – podem tomar é apoiar seus clientes no cumprimento das obrigações de divulgação climática com relatórios padrão sobre emissões da cadeia de suprimentos. Estabelecendo a linha de base correta, o caminho estará aberto para a implementação de iniciativas sólidas à medida que a indústria e as empresas buscam a descarbonização.
Fonte: https://theloadstar.com/2024-sustainability-trends-for-freight-forwarders/