Espaço probabilístico de viabilidade de escala de fornecimento de hidrogênio verde.

Na vanguarda das soluções para o combate ao aquecimento global, o hidrogênio verde, definido como hidrogênio produzido a partir de eletricidade renovável via eletrólise, enfrenta o desafio crítico da escalabilidade. Um estudo publicado pelo periódico Nature Energy no dia 8 de setembro de 2022, intitulado “Probabilistic feasibility space of scaling up green hydrogen supply”, examinou modelos probabilísticos que almejam entender o espaço de possibilidades para a expansão do fornecimento de hidrogênio verde. A pesquisa é crucial para compreender como essa expansão pode ocorrer no tempo, dada a urgência em reduzir emissões de gases de efeito estufa.

Sob a dimensão europeia e global, a investigação revelou que, mesmo que a capacidade de eletrólise cresça no ritmo mais acelerado já observado em tecnologias como a solar e a eólica, é improvável (≥75%) que o fornecimento de hidrogênio verde possa corresponder a mais de 1% da energia final antes de 2030 na União Europeia e 2035 globalmente. Tal escassez a curto prazo, associada à incerteza a longo prazo, pode atrasar investimentos em infraestrutura e usos finais de hidrogênio, potencialmente comprometendo metas climáticas estabelecidas internacionalmente.

De acordo com o estudo, uma política emergencial poderia acelerar significativamente o crescimento, sugerindo que medidas políticas extraordinárias poderiam aumentar a taxa de implantação e a disponibilidade futura de hidrogênio verde. Estas políticas poderiam incluir investimentos públicos substanciais, coordenação e incentivos financeiros dedicados a superar o “vale da morte” tecnológico — um período de transição conturbado onde uma tecnologia ainda não é comercialmente viável.

Os três parâmetros incertos que definem o espaço de viabilidade são: a capacidade inicial, a taxa de crescimento da emergência e a magnitude do estímulo de demanda, este último sendo um conceito que representa a política de apoio e competitividade em expansão das aplicações de hidrogênio.

O artigo destaca que a longo prazo, por volta de 2040, uma tomada de decisão para maiores participações de hidrogênio verde é mais provável, mas as incertezas permanecem, com uma variação estimada significativa no fornecimento futuro tanto para a UE quanto para o panorama global. Essa foi uma conclusão robusta tanto para um modelo logístico adaptado quanto para o modelo de Gompertz, dois métodos utilizados para prever o crescimento tecnológico.

Embora o estudo reconheça os avanços tecnológicos e o crescente entusiasmo que cercam o hidrogênio verde, a pesquisa aponta para um paradoxo essencial: enquanto o hidrogênio verde é essencial para a transição energética e neutralidade climática, existe um significativo ponto de estrangulamento na escala de sua produção. O estudo finaliza com um apelo aos tomadores de decisão: a necessidade de um equilíbrio sábio entre fomentar investimentos que possibilitam um crescimento não convencional e proteger-se contra riscos inevitáveis de disponibilidade limitada, promovendo alternativas viáveis e mais eficazes, como a eletrificação direta e a eficiência energética.


Fonte: https://www.nature.com/articles/s41560-022-01097-4

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