A transição para uma bioeconomia circular é um tema vital na agenda de sustentabilidade global. Um novo estudo da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, liderado pela professora Madhu Khanna, argumenta que uma abordagem meramente técnica, focada em reduzir resíduos, não é suficiente. Incentivos econômicos e sinais de mercado apropriados são necessários para persuadir consumidores e produtores a adotar práticas sustentáveis.
No sistema linear convencional de produção de alimentos e energia, há um alto consumo de recursos naturais e geração de resíduos. Em contrapartida, o modelo circular visa reciclar e reduzir resíduos, além de substituir combustíveis fósseis por recursos renováveis de base biológica, regenerando assim os sistemas naturais. No entanto, essa abordagem levanta questões sobre sua implementação e custo.
Madhu Khanna destaca a importância de considerar as consequências econômicas de se alcançar o lixo zero. Ela propõe uma combinação de incentivos regulatórios, como impostos sobre carbono, programas de seguro de colheita para práticas sustentáveis, e programas de educação pública que esclareçam os benefícios desse modelo. As mudanças devem incluir critérios de equidade para trabalhadores e consumidores vulneráveis.
Para promover essa transição, o estudo identifica cinco caminhos críticos: avanços tecnológicos, através de investimentos em P&D; incentivos regulatórios que penalizem o desperdício; mercados fortes para produtos circulares; e programas sociais para apoiar consumidores de baixa renda e trabalhadores em transição do setor de combustíveis fósseis.
Muitos setores já adotam tecnologias isoladas que contribuem para uma bioeconomia circular, como a agricultura de precisão e a biologia sintética. No entanto, esses avanços requerem maiores investimentos para se tornarem acessíveis e competitivos comercialmente. Tecnologias como o “gêmeo digital” podem ajudar a mensurar impactos ambientais e desenvolver políticas direcionadas.
A adesão do consumidor e do setor privado é crucial, mas insuficiente para atingir metas globais de redução de emissões de carbono. Programas sociais devem apoiar a transição e mitigar o impacto sobre populações vulneráveis. Khanna aponta para a necessidade de pesquisa interdisciplinar que alie economistas, engenheiros e cientistas para implementar esse modelo em cadeias produtivas específicas.
O avanço rumo à bioeconomia circular exigirá um compromisso político de longo prazo, coerência nas políticas e investimentos significativos. Isso é vital não apenas para reduzir as emissões de carbono, mas também para abordar questões interligadas de degradação ambiental, afirma Khanna. Ao invés de enfrentar os problemas de forma isolada, a adaptação a esse modelo oferece uma solução holística.
Fonte: Transition to a circular bioeconomy requires getting prices right