Em um cenário onde a descarbonização se torna cada vez mais essencial, a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, destacou o papel da eficiência energética no alcance desse objetivo. Sob os holofotes deste evento global, foi apresentado o PotencializEE, uma iniciativa da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), que se propõe a transformar a realidade energética, especialmente das pequenas e médias empresas industriais do estado de São Paulo. O programa evidencia sua relevância estratégica ao endereçar o Escopo 3 do Protocolo de Gases de Efeito Estufa, delineando assim o caminho para uma indústria com emissão líquida de carbono zero, conhecida como ‘Net Zero’.
Esta amplitude do protocolo inclui todas as emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor de uma empresa, um fator crítico considerando que, conforme aponta o Carbon Disclosure Project (CDP), apenas 9% das grandes empresas na América Latina monitoram tais emissões. Neste contexto, o envelhecimento do parque industrial brasileiro, com uma média de 14 anos para equipamentos, contrasta com a média de apenas cinco anos em países como Estados Unidos e Alemanha, indicando um considerável potencial de melhoria na eficiência energética brasileira. O PotencializEE surge, assim, como um catalisador de mudanças, fornecendo às PMEs o acesso a melhores práticas e inovações tecnológicas na área de eficiência energética e energia térmica, fundamentais para a redução de emissões.
O papel da eficiência energética é reconhecido não apenas como uma medida de otimização operacional, mas como um pilar central para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris de 2015. A Agência Internacional de Energia aponta para a necessidade de dobrar os níveis de eficiência energética para evitar os piores impactos do aquecimento global. Tais avanços representariam até 50% das reduções de emissões necessárias até 2030, além de potencialmente diminuir em um terço as despesas energéticas. Com isso, o PotencializEE não apenas promove a sustentabilidade, mas também oferece um caminho viável para a redução de custos e aumento da competitividade industrial.
Portanto, enquanto iniciativas como o PotencializEE ganham projeção em eventos significativos como a COP28, eles também reinventam a relação entre a indústria e seu consumo energético, estabelecendo uma nova norma para a governança climática, onde as PMEs assumem um papel protagonista e, paralelamente, as grandes indústrias assumem a responsabilidade pelo impacto indireto de suas cadeias de suprimentos.