A recente publicação da Revista Interesse Nacional traz à tona uma questão alarmante relativa à seca que castiga a Amazônia e suas repercussões futuras. Esta análise enfatizará elementos chave da reportagem feita por Philip Fearnside e Rosimeire Araújo Silva, biólogo e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), respectivamente. Um panorama é apresentado sobre as condições atuais da região e as projeções até 2100 face às mudanças climáticas.
Segundo a matéria, a Amazônia sofre com uma seca histórica que pode persistir até meados de 2024. Dados como a diminuição dramática dos níveis de água em Manaus, a morte de golfinhos relacionada ao aumento da temperatura da água e o isolamento de comunidades são sinais da gravidade da situação.
O artigo destaca a ocorrência de fenômenos como os “super El Niños“, evidenciados pelas secas simultâneas e abrangentes na região da floresta amazônica. As temperaturas globais já mostram um aumento de 1,2 °C desde a revolução industrial, impactando diretamente a biodiversidade e o clima amazônico.
Os autores explicam que três tipos de secas atingem o bioma: o “El Niño oriental“, que provoca água mais quente no Pacífico equatorial oriental; o “El Niño central“, que ocasiona seca intensa no norte amazônico; e o “dipolo do Atlântico“, que resulta em secas na parte sudoeste da Amazônia. Cada um desses fenômenos contribui para os efeitos devastadores, incluindo incêndios florestais e a morte em massa de árvores.
Olhando para o futuro, o cenário é desolador. Mesmo com a adesão aos compromissos do Acordo de Paris, espera-se que a temperatura global aumente para cerca de 2,7 ± 1 °C até o ano de 2100. Se as tendências de emissão seguir o curso atual, o aumento pode exceder os 4 °C. Este aquecimento global, causado pela ação humana, implica uma responsabilidade que pode ser mensurada e que demanda ações imediatas e severas.
Considerando os vastos estoques de carbono presentes na vegetação e solo da Amazônia, a liberação não intencional desses gases, decorrente de secas e incêndios, pode conduzir o clima global a um ponto sem retorno. Os autores argumentam que é fundamental que o mundo inteiro reduza drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e, especificamente para o Brasil, que ações concretas sejam tomadas para conter o desmatamento e os projetos que o incentivam, como a construção de estradas que abrem florestas remotas para exploração e a legalização de reinvindicações fundiárias.
Finalizando sua análise, Fearnside e Silva fazem um apelo para a transformação das políticas atuais, reforçando o papel crucial do Brasil no combate às mudanças climáticas e na preservação da Amazônia – uma questão que transcende a esfera ambiental, tocando a segurança, o bem-estar e o futuro da humanidade.
Artigos como este, publicados na Interesse Nacional, possuem notável importância na medida em que ampliam o debate sobre a bioeconomia e influenciam as decisões políticas e empresariais rumo a uma sociedade mais sustentável.