Florestas naturais em regeneração estão ajudando a proteger as florestas antigas restantes na Amazônia.

Uma descoberta crucial no campo da bioeconomia e conservação ambiental surgiu através de uma colaboração internacional entre pesquisadores da Universidade de Lancaster, Universidade de Bangor e a Universidade de British Columbia. Publicado na revista Environmental Research Letters, o estudo revelou que as florestas secundárias, que se regeneram naturalmente em terrenos abandonados após atividades agrícolas, exercem um papel significativo na proteção dos fragmentos restantes das florestas antigas da Amazônia.

Com a atual crise climática e a UN Decade on Ecosystem Restoration ganhando notoriedade, as florestas secundárias emergem como elementos-chave no combate aos efeitos da fragmentação florestal na bacia Amazônica. Charlotte Smith, responsável pela pesquisa conduzida como parte de seu doutorado no âmbito da Envision Doctoral Training Partnership, da qual a Universidade de Bangor é parceira, apresentou dados expressivos: estas florestas secundárias ocupam um total de 190,000 km², porém são essenciais para manter a conectividade entre mais de 2 milhões de fragmentos isolados de florestas de crescimento antigo, extremamente valiosos para a conservação da biodiversidade.

O coautor do estudo, o Professor John Healey, destacou a importância deste ecossistema em transição como um escudo para até 41% das bordas das florestas antigas, protegendo-as de efeitos negativos, como temperaturas mais elevadas e ventos fortes decorrentes do isolamento. Além disso, ressaltou que a proximidade com as florestas antigas pode acelerar a recuperação da biodiversidade e biomassa nas regiões secundárias, sendo que 94% dessas áreas já possuem algum nível de conexão com florestas antigas. Entretanto, Healey enfatiza que muitos dos remanescentes de florestas antigas são porções pequenas e degradadas, de maneira que apenas 57% das florestas secundárias estão conectadas à áreas extensas e estruturalmente intactas de crescimento antigo.

Os resultados desse trabalho científico evidenciam a necessidade de uma gestão florestal em escala de paisagem, sustentando a biodiversidade das florestas antigas e impulsionando a recuperação da biodiversidade nas secundárias. Prof. Healey traçou paralelos entre esta pesquisa e o recente estudo sobre o projeto “Climate Smart Woodlands” em Gales, destacando a relevância da localização espacial de novas áreas florestais.

A integração deste conhecimento e a aplicação de estratégias de restauração florestal que promovam as florestas secundárias ao lado de remanescentes de florestas antigas emergem como uma rota promissora para a conservação da vida selvagem e a recuperação ambiental, traduzindo-se numa abordagem inovadora e comprometida com a sustentabilidade e com o cumprimento de metas ESG no setor de bioeconomia.


Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2023/11/231113111706.htm

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