Sanofi busca foco em biofarmacêutica com investimentos estratégicos

A Sanofi está em um processo de transformação estratégica significativa ao se afastar dos produtos de saúde para consumidores e se concentrar exclusivamente na biofarmacêutica. Em outubro de 2023, a Sanofi anunciou que se separaria de sua divisão de saúde ao consumidor, o que finalmente se consolidou em um acordo no valor de US$ 17,4 bilhões com a firma americana de private equity Clayton Dubilier & Rice (CD&R) para a venda de 50% de participação das operações da Opella.

Essa decisão vem à tona em meio à estratégia chamada “play to win” do CEO Paul Hudson, projetada para direcionar a empresa para áreas de alto impacto e crescimento acelerado, como oncologia, imunologia e vacinas. A movimentação posiciona a Sanofi ao lado de outras gigantes do setor farmacêutico que têm desmembrado suas unidades de saúde ao consumidor para focar em terapias inovadoras. Exemplo similar foi dado pela GSK que separou sua unidade formando a Haleon, e a Johnson e Johnson que se desligou da Kenvue em 2023.

Apesar de a operação ter gerado certa apreensão na França, especialmente em relação a empregos e disponibilidade de medicamentos, Hudson assegurou que as operações centrais da Sanofi permaneceriam no país. Estratégias como essa não são novidade, no entanto, demonstram como a Sanofi está apostando alto em inovação e tecnologia avançada.

No mês de outubro de 2024, a companhia anunciou uma aliança estratégica com a subsidiária Orano Med para desenvolver terapias radioisotópicas de nova geração para câncer raros, utilizando tecnologias baseadas em lead-212 (Pb-212). O destaque deste projeto é o desenvolvimento do medicamento experimental AlphaMedix (212Pb-DOTAMTATE), focado no tratamento de tumores neuroendócrinos (NETs) com receptores de somatostatina. Isso representa um avanço para a oncologia com terapias específicas em áreas visadas como o desenvolvimento radiofarmacêutico.

A expansão do portfólio de oncologia foi seguida por outro movimento em prol das terapias avançadas, quando a Sanofi participou de uma rodada de financiamento de US$ 89 milhões da Agomab Therapeutics, especializada em tratamentos focados na fibrose, que possui aplicações potenciais para condições como a doença de Crohn fibrosante e a fibrose pulmonar idiopática.

Outra importante investida da Sanofi foi a participação na Resalis Therapeutics, empresa italiana de biotecnologia especializada em terapias baseadas em RNA para transtornos metabólicos. Este movimento permitirá o avanço do candidato investigacional RES-010, voltado para doenças metabólicas e que já se encontra em fase 2 de estudos clínicos.

Dessa forma, essas ações ambiciosas estão diretamente alinhadas aos planos do CEO Hudson de transformar a Sanofi em uma companhia puro-sangue de biofarma. A redistribuição de capital advinda da venda de operações ao consumidor para financiamento de desenvolvimento de medicamentos de última geração reflete essa visão, especialmente à medida que a companhia procura expandir sua presença em áreas como imunologia, oncologia e vacinas até 2030. Com economias previstas de até US$ 2 bilhões em custos até 2025, a Sanofi planeja fortalecer ainda mais o financiamento de seu pipeline de P&D, preparando-se para enfrentar os desafios futuros do setor com inovações disruptivas e focadas em segmentos com oferta limitada.

A Sanofi, sem dúvida, está em uma jornada para se tornar um grande player no espaço de P&D, guiada por um foco claro em terapias de alta margem e inovação contínua.


Fonte: https://www.labiotech.eu/in-depth/sanofi-investment-strategy/

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