Em um contexto internacional marcado pela polarização e competição entre grandes potências, o Brasil, sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está assumindo uma postura audaciosa, buscando se afirmar como um dos protagonistas da diplomacia do sul global. Lula, apostando em uma diplomacia de não alinhamento ativo, busca um equilíbrio que não o obrigue escolher lados entre nações disputantes, movimento esse que vem sendo encarado com ressalvas pelos analistas ocidentais.
Este ano, o Brasil ocupa a presidência rotativa do G20, e Lula tem dedicado esta posição à promoção de questões críticas para o sul global, com ênfase na redução de desigualdades, inclusão social, combate à fome, transição energética para o desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. A estratégia brasileira, que será ainda mais escrutinada durante a presidência do G20, é um reflexo dos esforços de Lula para moldar consistentemente as instituições globais, democratizando espaços como o Conselho de Segurança da ONU e fortalecendo o poder de negociação de países emergentes através da aliança BRICS, que recentemente expandiu sua composição.
Na mesma linha, o Brasil sediará a conferência UN Cop30 sobre mudanças climáticas na cidade amazônica de Belém no próximo ano. A participação do Brasil como mediador de conflitos internacionais é saliente, atuando em situações delicadas que vão desde a Ucrânia a tensões na América Latina.
A visão pragmática de Lula é clara: crescimento e paz andam juntos. É imperativo para o desenvolvimento contínuo do Brasil que o mundo mantenha um estado de paz, uma vez que o país se beneficia do aumento da demanda por commodities durante momentos de estabilidade global. Desse modo, a política externa de Lula sugere soluções práticas e viáveis em detrimento de dicotomias polarizadas que engessam o debate internacional.
A diplomacia brasileira sob Lula se revela significativa fora dos holofotes ocidentais, frequentemente expressando posições que divergem das disputas de grandes potências e refletem melhor as aspirações dos países em desenvolvimento. Iniciativas como o apelo para cessar-fogo em Gaza e o questionamento da primazia do dólar americano no comércio internacional são exemplos dessa diplomacia ativa buscando reformulações que beneficiem a posição do sul global no sistema internacional.
O recente encontro entre os presidentes de Brasil e França, resultando na assinatura de acordos de cooperação e um significativo plano de investimento para a Amazônia, bem como o apoio ao programa do G20 proposto por Lula, demonstram os avanços dessa política externa que busca servir como ponte entre o sul global e o mundo desenvolvido. A congruência expressa por Lula e Macron reflete um alinhamento estratégico que poderá redefinir a perspectiva das potências desenvolvidas sobre o papel emergente do sul na paisagem geopolítica global.
Fonte: https://www.theguardian.com/commentisfree/2024/apr/09/brazil-g20-lula-west-global-south