Um estudo encabeçado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza trouxe à tona valiosas informações sobre a relevância dos recifes de corais no Brasil. Segundo dados presentes na pesquisa, os recifes geram até R$ 167 bilhões ao país, funcionando como um robusto mecanismo de serviços ecossistêmicos, somando esforços na proteção costeira e no estímulo ao turismo. Abordando os dados específicos do estudo, a renda gerada pelas atividades recreativas relacionadas aos recifes é calculada em torno de R$ 7 bilhões anuais.
O caráter inédito do estudo oferece um panorama valioso, avaliando como os recifes de corais, embora compreendam menos de 0,1% do fundo oceânico, fornecem abrigo e alimento para cerca de 25% das espécies marinhas. Estes ecossistemas desempenham uma função crucial na redução de danos ocasionados por fenômenos naturais como ressacas, alagamentos e erosões, especialmente em regiões costeiras. O lançamento da publicação “Oceano sem mistérios – Desvendando os recifes de corais”, que alia os detalhes do estudo a recomendações práticas para garantir a preservação desses habitats, é um passo adicional na conscientização sobre a importância e o valor econômico desses ecossistemas.
Ao se aprofundar na contribuição dos recifes na proteção da costa, especialmente na área que se estende do sul da Bahia ao Maranhão, o estudo sublinha o impressionante volume econômico de R$ 160 bilhões em proteção costeira gerados por aproximadamente 170 km² de recifes. Este dado revela a economia de R$ 941 milhões por km² em danos potencialmente evitados. Há ressalvas quanto à degradação dos corais e sua influência na ampliação da vulnerabilidade da costa, um alerta para as consequências de cenários de eventos climáticos extremos.
Do ponto de vista do turismo, o papel dos recifes é igualmente importante. A pesquisa destaca que o turismo associado a estes ecossistemas responde por aproximadamente 5% do PIB turístico nacional. Nota-se que a comparação com outras nações, como Egito e Indonésia, sugere que o Brasil ainda tem um grande potencial a ser explorado com relação ao turismo responsável em áreas coralíneas.
O estudo também pondera sobre o alto valor econômico dos recifes de coral na proteção costeira em comparação com outras nações, realçando a representatividade dessas informações para políticas de gestão costeira e para o debate sobre a necessidade de investimentos na conservação e restauração desses ambientes.
Além disso, o levantamento ressalta a soberba biodiversidade presente nos recifes de corais, categorizados como os ecossistemas mais diversos e fundamentais para a vida de um significativo número de espécies marinhas. Por fim, aborda as severas ameaças que estes ambientes enfrentam, como as mudanças climáticas e a poluição marinha, apontando até 90% de perda potencial dos recifes até 2050 conforme o IPCC. O estudo propõe que ações de conservação sejam urgentemente consideradas nas agendas públicas e privadas.
Em suma, a Fundação Grupo Boticário evidencia o papel vital dos recifes de corais tanto para a conservação da biodiversidade quanto para a economia do litoral e deixa claro que a sua preservação ultrapassa os limites ambientais e se afigura como uma decisão econômica inteligente. O estudo convida tomadores de decisão a elaborarem políticas integradas, reconhecendo a potencialidade dos recifes de corais e o investimento na sua proteção como uma estratégia que beneficia não só o meio ambiente mas também o desenvolvimento sustentável.