A indústria química está em transformação, movendo-se em direção a soluções mais sustentáveis e biobaseadas para reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa. Um dos principais impulsionadores dessa mudança é o desenvolvimento de químicos biobaseados, uma alternativa aos produtos petroquímicos que dominam o setor há mais de um século. Este movimento tem como objetivo a criação de insumos industriais renováveis e economicamente viáveis, com substitutos à base de plantas que oferecem versatilidade semelhante à dos derivados de petróleo.
Entre os produtos químicos que estão sendo alvo de pesquisas para alternativas biobaseadas está o isopreno, amplamente utilizado na produção de borracha para pneus e luvas cirúrgicas. A produção biobaseada do isopreno ainda enfrenta desafios na sua fabricação em larga escala e a baixo custo. Iniciativas como a da empresa americana Amyris mostraram-se ambiciosas na exploração dessa rota, mas, enfrentando dificuldades, a empresa acabou indo à falência. No entanto, outras entidades, como a Ginkgo Bioworks e a Visolis, estão explorando métodos de biomanufatura microbiana, e a Gevo está convertendo álcool residual em isopreno renovável.
Outro destaque é o ácido lático, cuja capacidade de produção global já ultrapassou 600.000 toneladas em 2019. Sua utilização se estende ao polímero biodegradável ácido polilático (PLA), fundamental na indústria de embalagens de alimentos. Empresas como NatureWorks e Corbion estão à frente na comercialização deste insumo, essencial também em outras indústrias, como a de polímeros e revestimentos.
O etileno, o produto químico de maior volume na indústria, também está no cerne dos esforços de descarbonização. Embora tradicionalmente produzido a partir de nafta fóssil, alternativas biobaseadas estão avançando, com o etileno oriundo de biomassa de açúcar mostrando uma significativa redução na intensidade de carbono. Empresas como a Braskem já estão capitalizando essa tendência com o lançamento de polietileno produzido a partir de bioetanol.
Ácido fumárico e propileno estão entre os produtos que estão passando por grandes mudanças na sua forma de produção. O bioprocesso para ácido fumárico pode potencialmente solucionar o problema de alto uso de energia da produção petroquímica convencional. Estratégias inovadoras, como as da BASF que exploram bactérias vivas do estômago de vacas para converter açúcar e dióxido de carbono em ácido fumárico, estão em desenvolvimento. Já o propileno biobaseado aproxima-se da comercialização em larga escala, graças a colaborações como a entre Shell Chemicals e Braskem.
O 1,4-butanodiol, componente essencial para a indústria têxtil, é mais um foco de inovação, com esforços significativos para criar uma versão biobaseada desse produto geralmente fabricado a partir de carvão. A Genomatica e a Novamont estão liderando o caminho, com a segunda licenciando cepas desenvolvidas pela primeira para produção de alternativas biobaseadas.
Para maximizar os benefícios dos químicos biobaseados, é imperativo que a indústria aumente sua eficiência energética e adote fontes de energia renovável. As matérias-primas biobaseadas devem ser direcionadas para setores onde possam causar o maior impacto ambiental. Embora muitos acreditem que a tecnologia e as políticas favoráveis possam em breve liberar vastas reservas de insumos, especialistas recomendam cautela devido à oferta limitada de biomassa sustentável. Atualmente, o mercado de químicos biobaseados representa menos de 10% do mercado global de químicos, mas seu potencial de crescimento é imenso.
Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/industrys-workhorse-chemicals-go-biobased/