A nova edição do projeto TerraClass, retomada pela Embrapa e pelo Inpe, trouxe dados reveladores sobre a atual configuração do bioma Amazônia. Uma análise de uso e cobertura da terra em 2020 mostra que 14% da área do bioma é dominada por pastagens e agricultura, evidenciando o avanço das atividades agropecuárias sobre a região. A pesquisa, fundamental para entender a dinâmica territorial e potencializar sinergias entre políticas de desenvolvimento, destaca que a maior parte do território desflorestado cedeu lugar à criação de gado.
O mapeamento, financiado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa, não pôde ser comparado imediatamente às edições anteriores devido a mudanças metodológicas. Não obstante, a taxa de concordância com outros levantamentos, como o apresentado pelo MapBiomas, reforça a consistência e relevância dos dados coletados. As informações adquirem especial importância no âmbito da Iniciativa Amazônia+10, que se dedica ao fomento de projetos relacionados à biodiversidade, mudanças climáticas, bioeconomia, biotecnologia e qualidade de vida na região amazônica.
A alteração na abordagem territorial do TerraClass, que antes englobava a Amazônia Legal e agora se concentra estritamente no bioma amazônico, evita redundâncias com outros projetos como o TerraClass Cerrado. A nova frente de análise, implementada com o apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), proporciona uma visão mais detalhada das transformações ocorridas, sem sobreposição de cobertura dos maiores ecossistemas nacionais.
O desmatamento na Amazônia é motivo de grande discussão e preocupação. O estudo indica que, em 2020, 0,2% do território, correspondente a aproximadamente 10 mil km², havia sido recentemente desflorestado. Essa área, cujo uso subsequente não pôde ser imediatamente determinado, suscita questões críticas sobre as destinações futuras e os impactos nas dinâmicas ecológicas e econômicas da região.
Os resultados demonstram que ainda há uma parcela significativa do bioma ocupada por florestas nativas, totalizando 72,8%, além de 3,7% correspondentes a áreas secundárias, que estão em processo de regeneração. Este cenário aponta para a necessidade urgente de estratégias de gestão territorial e ambiental comprometidas com a sustentabilidade a longo prazo.
As conclusões da pesquisa, comparadas e validadas por estudos independentes, fornecem informações vitais para a tomada de decisões conscientes e responsáveis por parte de todos os stakeholders. Dessa forma, a engenharia voltada para a bioeconomia deve se posicionar não somente como inovadora, mas também como guardiã dos recursos naturais, tendo como princípios fundamentais o desenvolvimento sustentável, a geração de emprego e a promoção da renda de maneira equilibrada e respeitosa ao meio ambiente.