Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) obtiveram uma patente para um fertilizante bioestimulante revolucionário que não só induz a germinação de sementes, mas também acelera o crescimento das plantas. Esse novo produto utiliza a chalcona, uma substância química da família dos flavonoides com funções já conhecidas em defesa vegetal, podendo agora ter impacto significativo em áreas agrícolas e na restauração florestal.
A descoberta da chalcona ocorreu enquanto os pesquisadores analisavam seu efeito em plantas submetidas a estresse hídrico. A tecnóloga Mariana Teixeira Rebouças, então bolsista de iniciação científica, realizou experimentos para verificar os impactos nos eucaliptos e posteriormente em outras culturas, como Arabidopsis thaliana e cana-de-açúcar. Os resultados mostraram que as plantas tratadas com a fórmula apresentaram um crescimento surpreendente comparado aos grupos de controle, o que levou a equipe a patentear a fórmula.
Continuando seus testes, os pesquisadores aplicaram a solução em mudas nativas da Mata Atlântica, obtendo resultados expressivos. Em menos de três meses, as mudas estavam prontas para o plantio, reduzindo consideravelmente o tempo de cultivo necessário. Este resultado é particularmente importante para projetos de restauração ecológica e recuperação de áreas desmatadas.
Os experimentos indicaram que a aplicação da chalcona em baixas doses foi suficiente para promover um crescimento significativo de diversas plantas. Em testes com Arabidopsis thaliana, a planta modelo, observou-se um aumento de 75% na área da roseta e um crescimento de 94% nas raízes, enquanto o tabaco mostrou um aumento de 130% em altura e 148% em biomassa da parte aérea.
A análise do perfil genético das folhas tratadas revelou efeitos positivos na fotossíntese e no metabolismo energético, proporcionando maior adaptabilidade das plantas em diversos ambientes. Essa descoberta abre novas possibilidades para produtores que buscam otimizar o cultivo de diferentes espécies em regiões com recursos hídricos limitados.
A pesquisa faz parte de um esforço contínuo do Laboratório de Genômica e bioEnergia (LGE) da Unicamp, que possui um histórico de inovações no campo de bioestimulantes. Com essa patente, o grupo se posiciona como um pioneiro no desenvolvimento de soluções sustentáveis e eficazes para a agricultura moderna.
Com décadas de pesquisa focada em melhoramento genético, o LGE continua a desbravar novas fronteiras na bioeconomia, agora com ainda mais motivação para integrar descobertas laboratoriais a aplicações reais e úteis na cadeia produtiva. Como o professor Gonçalo Pereira afirmou, “a ciência básica é fundamental para explorar e, por vezes, inesperadamente encontrar, novas aplicações”.
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