A recente publicação da Foundation for Ecological Security (FES) sobre os “Commons” lança luz sobre uma prática vital que tem sido parte integrante das comunidades ao redor do mundo, mas que muitas vezes passa despercebida nas políticas convencionais. Este relatório revela o conceito de “commoning”, um método de gestão comunitária que envolve tanto recursos naturais quanto culturais e digitais, promovendo sua preservação através da colaboração e participação coletiva.
O documento da FES é uma rica coletânea de narrativas, fatos e reflexões, que deliberam sobre como comunidades na Índia se envolvem na gestão responsável desses recursos compartilhados. Desde ecossistemas naturais e práticas culturais até plataformas digitais, o conceito é explorado em sua totalidade, destacando a importância de agir coletivamente para o benefício de gerações futuras.
A prática do “commoning” vai além da simples gestão de recursos. É um ato social, cultural e econômico, sustentado por normas e regras que comunidades estabelecem para garantir a sustentabilidade e o uso equitativo dos bens comuns. No contexto rural indiano, essa prática é vivenciada por meio de sistemas de irrigação geridos comunitariamente, práticas de preservação de sementes e o trabalho cooperativo durante operações agrícolas. Tais iniciativas não apenas reforçam os laços sociais, mas também promovem a coesão social e a preservação ambiental.
Nos ambientes urbanos, os comunes se manifestam em formas como lagos restaurados e jardins comunitários, que não só melhoram a biodiversidade e recarregam os lençóis freáticos, mas também facilitam um forte sentido de comunidade e cooperação entre os habitantes urbanos. No entanto, o relatório identifica desafios significativos, como o reconhecimento precário dos comunes nas políticas públicas, as lacunas nos quadros legais e as pressões do setor privado e da comercialização que frequentemente minam esses esforços.
Para desbloquear o verdadeiro potencial desses recursos gestionados comunitariamente, o fortalecimento das comunidades locais por meio de estruturas de governança inclusivas é fundamental. O relatório cita exemplos como as áreas conservadas pela comunidade em Nagaland para proteger a biodiversidade e a revitalização das práticas tradicionais de troca de sementes em Karnataka, ilustrando formas eficazes de enfrentamento a essas questões.
A inclusão de vozes de comunidades marginalizadas e indígenas no relatório oferece uma visão pluralista sobre o manejo dos recursos compartilhados, desafiando a narrativa predominante que favorece o controle estatal ou de mercado em detrimento da governança comunitária. Essa abordagem diversificada não só enriquece o conteúdo, mas também impulsiona o reconhecimento das iniciativas de gestão comunitária e destaca sua relevância para desafios contemporâneos como a ação climática, segurança hídrica e justiça social.
A intersecção entre os comunes e as prioridades globais urgentes afirma sua pertinência nos debates modernos sobre resiliência e desenvolvimento sustentável. Essa publicação, organizada em capítulos que abrangem da história e significado cultural dos comunes até as estruturas de governança e visões para o futuro, serve como inspiração para repensarmos nossas relações com os recursos compartilhados, propondo um caminho colaborativo e sustentável para enfrentarmos os desafios globais. No mesmo tom, ela convida leitores a refletirem sobre a relação com seus próprios recursos compartilhados, encorajando uma abordagem participativa e comunitária para a gestão desses recursos vitais.