Em uma ação que sinaliza crescentes tensões entre trabalhadores ambientais e o governo brasileiro, as agências federais do país, responsáveis por monitorar e combater o desmatamento e outras atividades ilegais, enfrentam uma paralisação parcial desde o início de janeiro deste ano. O grupo especializado de inspeção do Ibama (GEF) desativou operações de mineração ilegal nos parques nacionais de Jamanxim e Rio Novo, no Pará, reforçando o papel crítico desses agentes na salvaguarda das florestas brasileiras.
Os trabalhadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), desde 2017 reivindicam melhorias salariais e de recursos. Sem aumento nos últimos sete anos e com um ajuste recente que não acompanha a inflação, os trabalhadores argumentam que esta realidade prejudica as operações e torna o pessoal cada vez mais sobrecarregado.
Sublinhando a importância do trabalho desenvolvido por estes profissionais, as taxas de desmatamento na Amazônia apresentaram uma redução significativa, atingindo o menor nível em cinco anos em 2023. Este dado ressalta o impacto direto que a atuação dos órgãos ambientais têm sobre o clima global, devido ao papel da Amazônia na absorção de grandes quantidades de dióxido de carbono.
Além da sobrecarga de trabalho, a segurança dos servidores também preocupa, com relatos de confrontos com criminosos relacionados a atividades ilícitas como mineração ilegal e grilagem de terras. Alexandre Gontijo, membro da direção da Ascema Nacional, enfatiza a gravidade da situação, citando a perda de pessoal para carreiras mais atrativas e o aumento das responsabilidades em meio à diminuição de servidores.
Uma reunião programada para o início de fevereiro entre a Ascema Nacional e representantes dos Ministérios do Meio Ambiente e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do Brasil poderá determinar os futuros rumos desta greve, que incluiria também a paralisação das atividades administrativas.
Pesquisadores brasileiros expressam apoio ao movimento dos trabalhadores ambientais, apelando ao investimento na área por parte da administração Lula. Erika Berenguer, pesquisadora sobre incêndios na Amazônia da Universidade de Oxford, defende esse suporte como uma política doméstica essencial, complementar à política externa do país.
Impactos significativos já são sentidos devido à greve, com uma redução acentuada na emissão de multas ambientais. Tal contexto reforça a urgência de mudanças estruturais e negociações frutíferas que possam reverter a crescente pressão sobre os profissionais que são linha de frente no combate às ameaças ambientais do Brasil.