O crescimento do mercado vegano no Brasil e no mundo tem incentivado a busca por produtos que aliam sustentabilidade e inovação. Recentemente, um estudo explorou o potencial dos materiais botânicos da Amazônia na produção de um sabonete vegano, utilizando ingredientes regionais como manteiga de Murumuru, óleo de Castanha-do-Brasil, óleo de Palmiste e hidrolato de Patchouli. O objetivo central da pesquisa foi avaliar a estabilidade e a eficácia dessas formulações, além de garantir sua segurança para o uso.
A pesquisa destaca a Amazônia não apenas como a região com maior biodiversidade do planeta, mas também como um ativo bioindustrial estratégico. Nesse contexto, os ingredientes utilizados são amplamente conhecidos por suas propriedades, como o alto teor de ácidos graxos e vitaminas presentes na manteiga de Murumuru, e os componentes altamente nutritivos e antioxidantes do óleo de Castanha-do-Brasil.
Durante a fabricação do sabonete, o método de sabão a frio foi escolhido, com um tempo de cura de aproximadamente 30 dias. Durante este periodo, testes de pH, alcalinidade livre e rachadura foram conduzidos para avaliar a qualidade do produto final. Os resultados indicaram que os óleos e manteiga estavam bem conservados, conforme demonstrado pelo índice de acidez. Entretanto, observou-se a presença de rachaduras no sabonete após os testes, o que ainda pode ser melhorado.
Os testes de pH do sabonete revelaram um valor de 12,1, acima do recomendado para um produto seguro para a pele, porém, esperava-se que o pH diminuiria ao final dos 30 dias de cura. Em relação à alcalinidade livre, os resultados foram satisfatórios, com um índice de apenas 0,13% de acidez em ácido oleico, bem abaixo do limite permitido pela legislação.
O estudo ressalta a importância da procedência e do manuseio apropriado dos ingredientes naturais, já que os índices de peróxido dos óleos sugeriam início de degradação, provavelmente devido ao tempo de armazenamento. Isso evidencia a relevância de utilizar matérias-primas de alta qualidade e frescor na produção cosmética.
Conclui-se que o sabonete vegano apresenta um bom potencial de mercado e tem seu valor realçado por sua origem sustentável e regional. Contudo, a pesquisa aponta para a necessidade de investigações adicionais para maximizar suas propriedades de limpeza e hidratação, garantindo não apenas um produto ético, mas também funcional.
Este estudo abre caminho para o desenvolvimento de mais produtos que valorizem os recursos naturais brasileiros, promovendo uma economia mais circular e sustentável, ao mesmo tempo em que atende à crescente demanda por cosméticos veganos.
Fonte: O POTENCIAL DOS MATERIAIS BOTÂNICOS DA AMAZÔNIA NA FORMULAÇÃO DE SABONETE VEGANO