OPINIÃO: Em defesa do asfalto na Amazônia.

A pavimentação da estrada BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, tem sido motivo de acaloradas discussões, tendo em vista as implicações econômicas, sociais e, sobretudo, ambientais. No entanto, é importante ressaltar que esta rodovia já desempenha um papel fundamental atualmente, servindo de ligação entre diversas cidades e beneficiando uma população que supera os 200 mil habitantes. A rodovia já é de fato uma realidade e está em funcionamento, embora com um trecho ainda em condições precárias, ficando intransitável apenas durante parte do ano devido às chuvas.

O tema da conservação da Amazônia fica muitas vezes polarizado, gerando obstáculos para um debate produtivo sobre o desenvolvimento da região. Porém, o argumento de que a inauguração e melhoria das infraestruturas viárias, como a BR-319, possam inevitavelmente levar ao desmatamento, não se sustenta quando observamos outras rodovias na região que não contribuíram para tal devastação. O planejamento e a preservação podem, sim, caminhar juntos. A gestão eficiente, o uso de tecnologia e a cooperação entre os diferentes entes federativos, podem garantir a conservação, mesmo em áreas próximas a essas estradas.

Fora isso, argumentos econômicos e de integração social reforçam a necessidade de se pensar em soluções para a região. Apoiar a ideia de que a hidrovia do Madeira seja suficiente para atender às necessidades de transporte da região é ignorar as especificidades dos diferentes tipos de carga e as limitações estruturais da própria hidrovia, que em períodos de seca enfrenta sérios problemas de navegabilidade.

A falta de integração afeta não apenas a economia, mas também a qualidade de vida dos habitantes do Amazonas e Roraima, tão isolados quanto ao acesso a outros serviços essenciais. O custo elevado do transporte é um exemplo da necessidade urgente de mais opções de infraestrutura para a região.

Na área política, a rodovia é ponto de atenção constante, especialmente devido ao seu peso nas discussões ambientais nacionais. A demora na definição e implementação de políticas para a BR-319 acarreta danos ambientais e tensões políticas locais, cujas consequências se estendem pelo território, pelo diálogo democrático e pelas decisões eleitorais.

Isso posto, surge uma proposta audaciosa que considera a alocação de recursos substanciais para compensar a região pela ausência da rodovia pavimentada. Tais recursos seriam investidos em ciência e tecnologia, especialmente focando em áreas como biologia e tecnologia da informação. Isso implicaria na transformação do Amazonas e de Roraima em hubs de inovação global, criando uma nova fonte de renda ainda mais substancial que outras atividades econômicas já existentes na região.

Para financiar essa visão, o mercado de créditos de carbono surge como alternativa viável, considerando o alto valor de conservação da Amazônia. Enquanto a comunidade internacional demanda a preservação da floresta, oferecer uma compensação financeira justa para assegurar tal preservação seria uma maneira de alinhar os interesses locais com as necessidades globais.

Encerrando sua defesa, o autor apresenta um chamado à ação, frisando a importância de diálogos honestos e construtivos e lembrando que um futuro próspero para a Amazônia não ocorrerá por acaso, mas sim através de planejamento estratégico e cooperação.


Fonte: https://capitalreset.uol.com.br/amazonia/opiniao-em-defesa-do-asfalto-na-amazonia/

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