O caminho para a remoção permanente de carbono na UE deve ser estabelecido agora

À medida que a Europa caminha rumo à neutralidade climática, especialistas argumentam que é essencial estabelecer agora o caminho para a remoção permanente de carbono na União Europeia (UE) para alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050. Neste contexto, Dr. Felix Schenuit, do German Institute for International and Security Affairs (SWP), e Martin Birk Rasmussen, analista internacional de clima do CONCITO, um dos principais think tanks de clima da Dinamarca, trazem uma análise relevante.

A discussão surge em um momento crucial, com a aproximação das eleições europeias e a realização do fórum sobre captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), focando-se na gestão de carbono no âmbito da UE. Embora enfatizem que a redução rápida e significativa de emissões continua sendo a pedra angular da ação climática, os especialistas apontam que as remoções permanentes de carbono desempenharão um papel para contrabalançar as emissões limitadas que não podem ser reduzidas por outros meios.

A estratégia de gestão de carbono delineada contempla tanto a captura e armazenamento de carbono (CCS), quanto a captura e utilização (CCU) e a remoção de dióxido de carbono (CDR), mas é fundamental não tratar da expansão dessas abordagens como se fossem iguais. Os autores argumentam que é necessário um enfoque específico, adaptando intervenções políticas de acordo com as funções e riscos de cada técnica.

Eles destacam a importância de integrar métodos como a bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS) e a captura e armazenamento de carbono direto do ar (DACCS), os quais permanecem fora do foco das políticas climáticas da UE. A inclusão dessas tecnologias nos pilares centrais da política climática da UE, como possivelmente no Sistema de Comércio de Emissões da UE (EU ETS), é uma tarefa crucial para a próxima Comissão Europeia.

Os analistas chamam atenção para a necessidade de uma estratégia em dois níveis, que contemple ações imediatas e reformas estruturais visionárias. Assim, defendem o desenvolvimento proativo de políticas de inovação e o apoio a tecnologias inovadoras por meio de fundos da UE, como o Innovation Fund, além da necessidade de uma infraestrutura de transporte e armazenamento de CO2 em toda a UE.

Adicionalmente, enfatizam a urgência em regular e priorizar o uso de biomassa, devido às crescentes demandas que podem exercer pressões sobre estoques de carbono, biodiversidade e segurança alimentar tanto dentro quanto fora da UE, e sugerem a promoção de aplicações de BECCS sem arrependimentos para evitar bloqueios de uso intensivo de biomassa.

Por fim, sugerem que a integração estrutural de remoções permanentes de carbono na política climática da UE exige a consideração cuidadosa do design de metas e exploração de uma integração condicional de BECCS e DACCS no EU ETS, contabilizando os riscos envolvidos. A estratégia proposta, que combina ações imediatas e reformas estruturais, visa garantir uma política eficaz de remoção de carbono que apoiará a política climática da UE e a resposta global aos desafios das mudanças climáticas.


Fonte: https://www.euractiv.com/section/climate-environment/opinion/the-path-for-permanent-carbon-removals-in-the-eu-must-now-be-set/

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