Microplásticos podem atingir o cérebro através da inalação, revela estudo

A pesquisa mais recente abriu uma nova linha de preocupação sobre o impacto dos microplásticos na saúde humana, especificamente em relação ao seu potencial para chegar até o cérebro. Os achados, liderados pelos pesquisadores brasileiros Professor Dr. Thais Mauad e Dr. Luis Fernando Amato-Lourenco, da Universidade de São Paulo e Universidade Livre de Berlim, revelaram evidências preocupantes de que os microplásticos podem infiltrar-se no cérebro humano, particularmente através do bulbo olfativo.

A investigação revelou que partículas de plástico, frequentemente encontradas em produtos do cotidiano como embalagens de alimentos e roupas, podem ser inaladas num ambiente interno e, posteriormente, entrar nas partes mais profundas do cérebro. O estudo encontrou microplásticos em amostras de tecido cerebral obtidas de 15 residentes falecidos de São Paulo, constatando que o polipropileno era o tipo de plástico mais comum. Este material é geralmente utilizado em diversidade de bens de consumo, aumentando a exposição humana a essas partículas potencialmente perigosas.

O que chama atenção é o fato de que microplásticos com apenas 10 micrômetros de diâmetro foram identificados no estudo, sugerindo que nanoplásticos menores estão penetrando no organismo humano mais facilmente do que era acreditado anteriormente. O destaque, conforme explica a pesquisadora chefe, Professor Mauad, é a possibilidade de que o bulbo olfativo sirva de rota primária para essas partículas, trazendo risco significativo à saúde quando elas são inaladas em ambientes fechados.

As consequências dessa descoberta são de grande impacto. Os especialistas alertam para o potencial de tais partículas alterarem funções celulares vitais, o que poderia ter efeitos graves na saúde, especialmente em crianças, podendo até mesmo influenciar definitivamente a saúde na vida adulta. Além disso, estudos também sugerem que o contato com microplásticos pode acelerar o crescimento de células cancerígenas no intestino, como indicado por Professor Dr Lukas Kenner, membro do Conselho de Saúde de Plásticos.

Esta pesquisa gerou pressão internacional sobre a necessidade de ações concretas em torno do Tratado Global sobre Plásticos, que será discutido em novembro na Coreia do Sul. Cientistas e ativistas da fundação Plastic Soup e do Conselho de Saúde de Plásticos alertam que as medidas atualmente propostas não abordam adequadamente o impacto dos plásticos na saúde humana. Eles defendem a redução de volumes de produção de plásticos e a eliminação dos itens descartáveis não essenciais, juntamente com a implementação de testes rigorosos para os produtos químicos contidos nos plásticos.

Com mais de 500 milhões de toneladas de plástico sendo produzidas anualmente, a ciência já catalogou mais de 16.000 produtos químicos em artigos plásticos, mais de 4.000 dos quais são considerados nocivos para a saúde e o meio ambiente. Assim, o chamado para uma ação regulatória eficaz é urgente. A comunidade internacional está cada vez mais pressionada a ouvir a ciência para mitigar os riscos dos microplásticos e proteger a saúde pública para as gerações futuras.


Fonte: https://www.euronews.com/green/2024/09/17/you-could-be-breathing-in-microplastics-that-then-enter-your-brain-new-research-reveals

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