A bioeconomia dá mais um passo significativo com os resultados promissores vindos da Tekohá, uma startup no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), na capital paulista. O empreendimento inovador mostrou êxito em seus testes de desenvolvimento de uma tecnologia alimentícia emergente: o macarrão de alto teor proteico. Esta pesquisa, que contou com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da FAPESP, revelou um marco para a nutrição humana e os paradigmas da produção sustentável.
Entre maio e setembro de 2022, a Tekohá conduziu uma análise sensorial onde 89 voluntários avaliaram espaguetes de diferentes níveis de proteína. O ponto de comparação foi uma massa tradicional feita exclusivamente de farinha de trigo, apresentando apenas 5% de proteína. As amostras alternativas variavam entre 15% e 30% da proteína resultado da fermentação em laboratório. Os resultados evidenciaram a propensão do público à aceitação de alimentos enriquecidos, com o macarrão de menor teor proteico obtendo uma aceitação plena de 100%, enquanto o de maior teor proteico alcançou 67%. A biotecnologista Manuella Silverio, da Tekohá, aponta que a proporção elevada de proteína pode comprometer a textura do macarrão, um ponto crucial na percepção sensorial do consumidor.
A inovação da Tekohá não para no sabor e na aceitabilidade. Uma das grandes conquistas mencionadas na pesquisa é o concentrado proteico que contém todos os aminoácidos essenciais e ostenta uma eficiência de conversão impressionante de proteínas em 83% em somente cinco dias. Este número ultrapassa significativamente a eficiência dos sistemas de produção de proteínas de origem animal, destacando a pesquisa e desenvolvimento da Tekohá como potencialmente revolucionária para a produção de alimentos nutricionalmente ricos e ambientalmente sustentáveis.
Esses dados são não apenas um reflexo do avanço científico e tecnológico na bioeconomia, mas também um indicador de mudanças potenciais nos hábitos de consumo e na indústria alimentícia. A perspectiva de incorporar maiores teores proteicos em alimentos comuns como massas e análogos de leite pode representar um incremento significativo na qualidade nutricional disponível para a população, aliando-se aos princípios de sustentabilidade e eficiência, vertentes-chave para o futuro da alimentação global e da gestão de recursos naturais.
Este contexto reforça a relevância de um olhar atento para iniciativas como esta, que não só promovem a segurança alimentar, mas também posicionam o setor de engenharia e profissionais da bioeconomia diante de um cenário promissor, onde a inovação e a responsabilidade ambiental perpassam todos os estágios de desenvolvimento de produtos, desde a concepção até a chegado ao consumidor final. Com estas e outras pesquisas em voga, o futuro da bioeconomia se desenha cada vez mais integrado e sustentável.
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/macarrao-de-alto-teor-proteico/