Um debate acalorado ganha as ruas de Bologna, no norte da Itália, com a implementação do limite de velocidade de 30 quilômetros por hora no centro urbano, uma medida que despertou tanto manifestações por parte dos residentes quanto dúvidas críticas de membros do governo sobre os benefícios ambientais propostos pela mudança.
Instituída em um movimento alinhado com ações anteriores da cidade de Olbia, na Sardenha, a restrição visa principalmente a melhoria da segurança nas estradas e a redução da poluição do ar e sonora. O esquema Città 30, como é conhecido, passou por períodos de teste no ano passado e, a partir de 16 de janeiro, começou a aplicar multas de 29 euros para aqueles que excedem 36 km/h.
O prefeito Matteo Lepore defendeu a iniciativa como uma ‘revolução para melhorar a qualidade de vida de todos e a maneira como experimentamos o espaço público, tornando Bologna uma cidade mais segura, mais sustentável e adequada para crianças, famílias e idosos, com o objetivo de ter zero mortes nas estradas’.
Por outro lado, o ministro dos Transportes, Matteo Salvini, não especificamente referindo-se à medida de Bologna, minimizou os benefícios ambientais deste limite de velocidade, salientando que ‘carros e vans não podem ser o inimigo. Ir a 30 km/h na cidade não ajuda o meio ambiente’, incluindo preocupações sobre o acesso restrito àqueles que não podem pagar por carros elétricos, como Teslas, e o potencial impacto negativo na geração de empregos.
Enquanto os benefícios para a segurança são evidentes, as implicações para o meio ambiente são menos claras e necessitam de mais pesquisas, segundo Matthew Watkins, professor principal da Nottingham Trent University. Uma pesquisa do Imperial College London indica que, em zonas de 20 milhas por hora, equivalente a 32 km/h, os veículos tendem a ter menos acelerações e desacelerações, promovendo um estilo de condução mais suave que pode reduzir as emissões de partículas provenientes do desgaste de pneus e freios, componentes que fazem parte significativa dos poluentes atmosféricos originados do tráfego rodoviário.
No entanto, medidas como a de Bologna foram recebidas com protestos dos residentes, que veem a nova lei como uma mudança radical que afeta o dia-a-dia. Um bloqueio de carros foi orquestrado no dia do início da limitação de velocidade e motoristas de táxi já cogitam aumentar tarifas para compensar a direção mais lenta. Uma manifestação foi planejada para ter lugar diante do gabinete da cidade.
Este cenário gera tensões que contrastam com possíveis planos de outras cidades italianas, como Milão e Parma, que estão considerando implementar limites similares em 2024. A questão paira no ar: será que a iniciativa beneficiará efetivamente o ambiente e a convivência urbana, ou esse novo capítulo nas políticas de trânsito de Bologna será marcado como um transtorno para aqueles que percorrem suas ruas diariamente?
