Legislação europeia de sustentabilidade corporativa enfrenta hesitação alemã

A resistência da Alemanha em apoiar uma nova legislação ambiental está abalando as estruturas da União Europeia, com repercussões que se estendem pela confiabilidade do gigante europeu nas negociações e pela própria eficácia da lei proposta. O país, que é membro influente do bloco, anunciou a intenção de se abster na votação de uma lei voltada para que empresas verifiquem a sustentabilidade de suas cadeias de suprimentos, ocasionando incertezas no âmbito legislativo ambiental da UE.

A diretiva de devida diligência de sustentabilidade corporativa da UE, conhecida pela sigla CSDDD, exige que os negócios averiguem aspectos como emissões de carbono e violações de direitos humanos ao longo de suas cadeias de suprimento. Apesar do acordo político alcançado em dezembro, lobbies empresariais alertam que tal regulamentação poderia impactar negativamente a competitividade, suscitando debates intensos entre diferentes alas do governo alemão e preocupações entre parceiros europeus.

O ministro do Trabalho alemão, Hubertus Heil, expressou desejo de aprovar a lei, mas enfrenta oposição do componente liberal da coalizão governamental alemã, a FDP, levantando questionamentos quanto ao apoio alemão ao pacto ambiental. Enquanto a Alemanha isoladamente não possui força para bloquear a lei, apoio de outros países céticos como Áustria, Finlândia e Suécia pode significar um obstáculo adicional.

Questionamentos não somente estão limitados ao aspecto prático da diretiva, mas também demonstram a fratura dentro da coalizão governamental da Alemanha, onde ministros do partido Verde criticam abertamente a postura de outros membros da coalizão. A ministra do Exterior da Alemanha, Annelena Baerbock, denunciou publicamente que o posicionamento de abstensão prejudicaria a confiança no país como parceiro confiável na Europa, destacando a importância de regras consistentes da UE para negócios alemães.

Além disso, a ministra do Meio Ambiente, Steffi Lemke, enfatizou os riscos da falência da diretiva para a proteção ambiental e de direitos humanos em nível global. A CSDDD representa um ponto crucial para os compromissos de sustentabilidade da UE e sua rejeição ou enfraquecimento enviaria uma mensagem negativa para estes esforços em todo o mundo.

Este impasse na Alemanha ressalta a complexidade das políticas de ESG (ambientais, sociais e de governança) e o desafio de equilibrar a agenda de sustentabilidade com os interesses empresariais. O caso atual remete a eventos anteriores onde a Alemanha mostrou hesitação, como nas discussões em torno da proibição de carros com motores de combustão interna a partir de 2035.

Enquanto isso, a ratificação da diretiva permanece incerta, com o voto adiado para conciliar as preocupações envolvidas. Essa situação ilustra as tensões que podem surgir quando a legislação ambiental enfrenta a realidade das políticas internas dos países e dos interesses econômicos globais.


Fonte: https://www.euronews.com/green/2024/02/08/german-vacillation-puts-corporate-sustainability-law-in-doubt

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