Lançado documento com propostas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia

Foi lançado nesta semana o documento “Bases para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia“, resultado de um amplo trabalho coletivo liderado por pesquisadores brasileiros, com o objetivo de oferecer um plano para que a Amazônia Legal alcance nos próximos anos um patamar maior de desenvolvimento econômico e humano ao mesmo tempo em que promove o uso sustentável dos recursos naturais.

O documento faz primeiro um diagnóstico da situação paradoxal da Amazônia: ao mesmo tempo em que houve nas últimas décadas um desmatamento excessivo, restando ainda grandes áreas de florestas, a região possui uma população majoritariamente jovem e um grande potencial para a bioeconomia, com seus recursos florestais e sua biodiversidade.

A partir desse diagnóstico, o documento apresenta uma série de propostas concretas para a promoção do desenvolvimento sustentável na região. Elas podem ser resumidas em seis grandes grupos:

COMBATE AO DESMATAMENTO

  • Reduzir drasticamente o desmatamento ilegal e desnecessário, buscando zerá-lo até 2030;
  • Retomar o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm);
  • Aumentar a fiscalização e a transparência das cadeias produtivas que atuam na Amazônia.

RESTAURAÇÃO FLORESTAL

  • Investir no plantio de árvores nativas em áreas já desmatadas, por meio de pagamentos pelo mercado de carbono;
  • Incentivar a regeneração natural de áreas abandonadas, transformando-as novamente em florestas.

BIOECONOMIA E PRODUTOS FLORESTAIS

  • Elevar as exportações de produtos extrativistas como açaí, castanha-do-brasil e cacau;
  • Desenvolver a bioeconomia aproveitando os recursos florestais de forma sustentável.

PRODUTIVIDADE AGROPECUÁRIA

  • Aumentar a produtividade da pecuária e da agricultura nas áreas já convertidas em pasto e lavoura;
  • Adotar sistemas agroflorestais e práticas agrícolas de baixa emissão de carbono.

INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS URBANOS

  • Melhorar a qualidade de vida da população urbana com investimentos em saneamento, coleta de lixo, transporte etc;
  • Expandir o acesso à internet banda larga, gerando novas oportunidades de trabalho e renda.

ORDENAMENTO TERRITORIAL

  • Destinar as terras públicas não designadas, transformando-as em áreas protegidas ou assentamentos sustentáveis;
  • Coibir a grilagem, a invasão de terras e o desmatamento ilegal.

De acordo com o documento, ações nessas frentes trarão ganhos ambientais, sociais e econômicos para a Amazônia. A conservação da floresta e a redução do desmatamento, por exemplo, podem atrair investimentos pelo mercado de carbono. Já o aumento da produtividade agropecuária dispensa a necessidade de novos desmatamentos.

Ao mesmo tempo, o investimento em cidades, com geração de empregos no setor de serviços, deve ser uma prioridade, uma vez que 76% da população amazônica já vive em áreas urbanas.

O documento defende que é possível transformar os desafios da região em soluções para o desenvolvimento sustentável com base nas “imensas oportunidades associadas à bioeconomia e à restauração florestal. É fundamental aproveitar a força de trabalho da população jovem e investir para acelerar as ofertas de emprego na região”.

O documento “Bases para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia” foi elaborado por mais de 80 pesquisadores de instituições regionais, nacionais e internacionais. A iniciativa faz parte do projeto Amazônia 2030, que busca desenvolver um plano de sustentabilidade para a região.

Trata-se de uma contribuição oportuna para o debate sobre os rumos da Amazônia, apresentando uma estratégia que alia conservação ambiental e inclusão social com geração de oportunidades econômicas para a população regional. As propostas visam conciliar as agendas ambiental e de desenvolvimento, históricas fontes de conflito em torno do futuro da Amazônia brasileira.

Para acessar o documento completo acesse: Bases para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

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