Vivenciamos a transição para uma economia bioenergética: num mundo em busca de soluções sustentáveis, a bioeconomia desponta como protagonista. Este conceito, que tem enchido páginas acadêmicas e inspirado políticas públicas, sugere não só uma revisão dos nossos sistemas produtivos, como o advento de uma era onde a sustentabilidade é o eixo central do desenvolvimento.
Em estudo recente conduzido por especialistas, a evolução do conceito de bioeconomia foi esmiuçada, fornecendo não apenas uma análise bibliométrica da disseminação do termo, mas também uma revisão meticulosa que desvenda três visões distintas do que realmente significa a bioeconomia no discurso acadêmico.
O levantamento revelou que, apesar da variedade de disciplinas envolvidas no estudo da bioeconomia, as ciências naturais e engenharias estão no cerne do conceito, seguidas, ainda que menos proeminentemente, pelas ciências sociais. As visões identificadas refletem diversas abordagens e possíveis objetivos:
- A visão biotecnológica, que enfatiza a importância da pesquisa e aplicação da biotecnologia, bem como a comercialização de tecnologias em diversos setores da economia.
- A visão bio-recursos, que se concentra no papel do desenvolvimento e demonstração relacionados a matérias-primas biológicas, estabelecendo novas cadeias de valor.
- A visão bio-ecológica, que destaca processos ecológicos sustentáveis, a promoção da biodiversidade e a evitação de práticas como monoculturas e degradação do solo.
Este estudo não somente provê uma compreensão ampliada das interpretações e aplicações do termo bioeconomia, como também destaca a necessidade de mais pesquisas nos campos não técnicos, para avaliar as ramificações socioeconômicas dessas visões. Afinal, cada uma delas traz consigo diferentes implicações para a criação de valor, inovação e foco espacial.
Por exemplo, a transformação de resíduos biológicos em insumos para a produção de energia renovável é uma prioridade na visão bio-ecológica, ao passo que na visão bio-recursos, busca-se a maximização do uso da biomassa por meio da aplicação em novos produtos. A visão biotecnológica, por sua vez, se concentra em avanços científicos que podem transpor as barreiras das limitações de recursos.
Embora se destaque a expansão do campo da bioeconomia nos últimos anos, ainda há uma necessidade crucial por estratégias políticas eficazes, que articulem objetivos econômicos e sustentáveis com maior clareza e foco. Tais ações direcionarão se realmente a bioeconomia conseguirá endereçar os grandes desafios globais impostos pelas mudanças climáticas, segurança alimentar, saúde, reestruturação industrial e segurança energética.
No cerne desta discussão está a capacidade de inovação ligada a um compromisso com a sustentabilidade autêntica. É um campo que chama a atenção para longínquas possibilidades tecnológicas, mas também se preocupa com o impacto iminente em comunidades locais e economias regionais. A bioeconomia emerge assim, não como um mero termo acadêmico, mas como um verdadeiro movimento em prol de um futuro mais verde.
Fonte: Bugge, M.M.; Hansen, T.; Klitkou, A. What Is the Bioeconomy? A Review of the Literature. Sustainability 2016, 8, 691; doi:10.3390/su8070691 www.mdpi.com/journal/sustainability.