Investimento em capital natural: a nova fronteira da gestão de ativos

O dinamismo do capital natural como inovação em investimentos privados vem gerando um considerável entusiasmo no meio financeiro e entre clientes. A atratividade se deve aos potenciais benefícios que vão além do retorno financeiro, incluindo impactos positivos sobre a biodiversidade e o clima. Contudo, enfrentamos uma realidade onde o capital natural representa apenas 0,2% do total de ativos geridos globalmente, uma porção insignificante diante do potencial que esse setor possui.

Superar os desafios para escalar investimentos na natureza exigirá dos gestores de ativos a criação de soluções de investimento inovadoras. Barreiras existem, desde risco fiduciário e retorno, passando por liquidez e fluxo de negócios, até questões de escala. Porém, cientes do grande potencial a ser desbloqueado, a iniciativa deve partir da procura ativa e criação de oportunidades.

Iniciativas como a Akaria Natural Capital, com origens em Cingapura e parceria entre a Schroders e a Conservation International, ilustram esse movimento para canalizar financiamentos privados em ações de conservação, demonstrando ambições de alavancar o financiamento privado para a conservação da natureza e desenvolver estratégias de impacto na natureza.

As instituições financeiras deparam-se com uma série de desafios: a necessidade de alinhamento com objetivos organizacionais de preservação de capital e maximização de retornos ajustados ao risco, bem como a conciliação de retornos modestos de investimentos em capital natural com os períodos de bloqueio de ativos privados similares que oferecem retornos mais altos.

Mesmo para setores como a silvicultura, que oferecem uma renda estável e valorização do capital a longo prazo, a defasagem de rendimento se contrapõe ao interesse dos fundos. No entanto, estratégias alternativas podem potencializar os retornos, como o arrendamento de terras para desenvolvedores de energia renovável e ecoturismo, por exemplo. Além disso, a moderação dos riscos se faz viável através da diversificação geográfica ou da participação em veículos de financiamento misto com bancos de desenvolvimento, onde provisões de ‘primeira perda’ podem proteger investidores privados.

O desafio de escalabilidade é igualmente relevante. A necessidade de financiamento para preservação dos ecossistemas é vasta, mas projetos bancáveis são poucos e geralmente de escala reduzida. É necessário uma abordagem que viabilize a agregação de soluções baseadas na natureza para assim permitir investimentos maiores.

Diversas barreiras podem ser vencidas com veículos listados, alternativas de receitas e desrisco, mas isso ainda não é suficiente para escalar o financiamento da natureza na medida necessária. Requer-se o desenvolvimento de uma infraestrutura de mercado que ofereça suporte aos investidores e abarque desde plataformas de investimento até tecnologias voltadas à agropecuária e à natureza.

Há uma consciência crescente de que, neste cenário, existem oportunidades significativas para os pioneiros atuantes na gestão de ativos que explore vias inovadoras e desenvolva veículos de investimento que atendam aos objetivos fiduciários dos seus clientes e à crescente demanda por investimentos vinculados à natureza.


Fonte: https://www.environmental-finance.com/content/analysis/investing-in-nature-at-scale-can-it-be-done.html

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