Inovação e sustentabilidade: cores naturais avançam para impressão industrial

Com foco sustentável e inovação em bioeconomia, destacam-se pesquisas realizadas no Instituto de Química Têxtil e Física Têxtil em Dornbirn, lideradas pela pesquisadora Judith Deriu. Desde 2016, Deriu dedica-se ao desenvolvimento de um círculo econômico circular no setor têxtil. Seu estudo procura substituir os corantes sintéticos, adotados na Revolução Industrial, por pigmentos naturais extraídos de plantas, com aplicações práticas para criação de tintas de impressão sustentáveis para uso industrial.

Historicamente, corantes naturais como índigo, carmim e ultramarino eram utilizados na pintura de tecidos até serem superados pelos sintéticos devido ao seu baixo custo e maior resistência ao desbotamento. Contudo, com uma tendência atual voltada para matérias-primas ecológicas, há um estímulo crescente na indústria em prol de produtos sustentáveis, impulsionado pela legislação vigente e pela crescente conscientização ambiental.

Esses pigmentos naturais encontraram sucesso em indústrias como a alimentícia e a cosmética, mas ainda enfrentam desafios para sua consolidação na indústria têxtil. O projeto de Judith Deriu busca superar o obstáculo da instabilidade química, especialmente em tons de vermelho e azul, destacando-se já na formulação de cores como amarelo, ocre, verde oliva, marrom, bege e preto. A principal matéria-prima desses pigmentos são resíduos da silvicultura, agricultura, indústria alimentícia e outras plantas não alimentícias.

A pesquisa evita a utilização de matéria-prima vegetal de rotas de transporte longas, devido ao alto índice de emissões de CO2, priorizando alternativas naturais mais sustentáveis. Além dos pigmentos, investiga-se substitutos para ligantes e fibras baseadas em petróleo, com o intuito de reduzir a presença de microplásticos no meio ambiente.

No âmbito da aplicação têxtil, os pigmentos à base de plantas são utilizados para colorir fibras bio-baseadas de celulose. Já para a impressão em tecidos e papel, são testados ligantes sustentáveis baseados em polissacarídeos biodegradáveis. A meta é desenvolver tintas de impressão comercializáveis, já com progressos significativos no setor têxtil e possíveis aplicações em sacolas de compras e camisetas de eventos, além do segmento de papelarias e embalagens.

A colaboração com parceiros industriais é fundamental para a viabilização desse projeto inovador. Entre os colaboradores estão a Buntwerk, fabricante de tintas de impressão, Kelheim Fibres, produtora de fibras especiais e o Verpackungszentrum Graz, especialista em embalagens ecológicas. O trabalho conjunto de ciência, indústria e consumidores é essencial para um modelo verdadeiramente circular na indústria têxtil e de impressão, conforme declarado por Deriu, a qual leva adiante um projeto FFG sobre Pigmentos Vegetais para a coloração de Têxteis e Papéis (PiColor).


Fonte: https://www.uibk.ac.at/en/newsroom/2023/printing-inks-made-from-plants/

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