Indústrias Poluidoras Alegam que o Custo do Ar Mais Limpo é Muito Alto.

As indústrias poluentes dos Estados Unidos estão manifestando preocupação com os custos associados à melhoria da qualidade do ar, à medida que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) se prepara para anunciar novas regulamentações mais rígidas referentes à fuligem, um tipo de material particulado perigoso à saúde humana, produzido por caminhões, fazendas, fábricas, incêndios florestais, usinas de energia e estradas poeirentas. Este movimento vem após evidências científicas demonstrarem que mesmo com um declínio significativo nas concentrações de partículas nocivas em áreas como Los Angeles e o Vale do Ohio, impulsionado pela legislação existente, ainda não há um nível seguro para a presença destas partículas, e que o avanço dos incêndios florestais, impulsionado pelas mudanças climáticas e pela má gestão florestal, tem prejudicado progressos recentes.

Seguindo o Clean Air Act, a EPA revisa as ciências sobre vários poluentes nocivos a cada cinco anos, mas a administração de Biden decidiu antecipar essa revisão devido à decisão da EPA durante a administração de Trump de que nenhuma mudança era necessária nos padrões para partículas finas. Diante da iminência de novos padrões, grupos empresariais como os de mineração, petróleo e gás, manufatura e madeireira enviaram uma carta ao chefe de gabinete da Casa Branca, expressando uma grande preocupação de que os novos padrões possam ameaçar o desenvolvimento econômico de várias áreas e por em risco os planos de recuperação no setor de manufatura que foi encorajado pelo presidente Biden.

Empresas dos setores de aço e alumínio estão entre aquelas que se opõem fortemente às novas regulamentações, argumentando que as normas mais rígidas podem diminuir consideravelmente a possibilidade de reiniciar operações paralisadas, como no caso de uma fundição no Kentucky que foi fechada em 2022 devido aos altos preços da energia. No entanto, novas fábricas tendem a contar com sistemas de controle de poluição muito mais eficazes, algo observado principalmente em indústrias avançadas de manufatura como as de semicondutores e painéis solares, segmentos incentivados pela atual administração, que relataram não estar significativamente preocupados com a redução do padrão para material particulado.

No debate sobre os benefícios para a saúde versus o custo de conformidade para as indústrias, fica evidente a dicotomia entre a perspectiva econômica e a preservação ambiental e da saúde pública. A EPA estima que os potenciais benefícios, contabilizados em termos de vidas poupadas, doenças evitadas e produtividade preservada devido à diminuição da poluição do ar, podem chegar a até 55 bilhões de dólares até 2032, caso a agência reduza o limite para nove microgramas por metro cúbico de materiais particulados, frente ao atual de doze microgramas. Isso ultrapassa em muito os custos estimados de 500 milhões de dólares que as novas propostas representariam em 2032.

As comunidades e autoridades estaduais demonstram diferentes posicionamentos, muitas vezes refletindo não apenas a composição industrial local, mas também as inclinações políticas. Enquanto procuradores-gerais democratas apoiam regras mais rigorosas, seus pares republicanos favorecem a manutenção do status quo. Destaca-se o contraste entre Columbus, em Ohio, que, favorecendo setores de crescimento orientados para serviços, apoia medidas mais estritas, e a área de Cleveland, com uma alta concentração de indústrias poluentes, onde há preocupações quanto às consequências econômicas de normas mais rígidas, realçando a necessidade de oferecer assistência financeira para facilitar a transição das empresas rumo a práticas mais sustentáveis.

Em meio a esse cenário, o Ohio Air Quality Development Authority é um exemplo de como recursos podem ser direcionados para financiar projetos de energia limpa e modernização das indústrias. Além disso, há expectativas em relação aos fundos disponíveis via Inflation Reduction Act, que inclui um “banco verde” de 27 bilhões de dólares na EPA para fomentar projetos de energia limpa. Por fim, há um consenso entre defensores e adversários dos novos padrões em torno da necessidade de se impor regulamentações mais severas a fontes de poluição, como ferrovias, navios e aviões, que estão sob jurisdição exclusiva da EPA.


Fonte: https://www.nytimes.com/2023/11/13/business/economy/smog-rules-economics.html

Compartilhar