A bioeconomia no Brasil está se configurando como um vetor crucial tanto para o crescimento econômico quanto para a promoção de equidade social e proteção ambiental. Em declarações recentes ao Canal UM BRASIL, Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou o potencial multifacetado deste setor emergente para enfrentar as desigualdades ao mesmo tempo em que conserva a biodiversidade.
O Brasil, como a nação mais biodiversa do mundo, possui uma incrível diversidade de recursos naturais, com mais de 20% das espécies do planeta encontradas em seus biomas. Esses recursos não são apenas o alicerce da riqueza natural do país, mas também representam uma base sólida para a evolução da bioeconomia. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o setor pode injetar até US$ 284 bilhões anuais na receita industrial nacional até 2050.
A expansão da bioeconomia está promovendo inovações significativas na Indústria, especialmente entre os micro e pequenos empreendedores, com projeções de gerar US$ 8,1 bilhões anualmente apenas na Amazônia até 2050. Setores como alimentação, higiene, produtos estéticos, fármacos e combustíveis já testemunham o impacto desse movimento, criando novas oportunidades de mercado. A secretária Pimenta comenta que essa reinterpretação de práticas industriais representa uma verdadeira revolução, onde a economia do futuro se baseará em processos biológicos sustentáveis.
Carina também vem destacando as previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que estima que a bioeconomia poderá chegar a representar mais de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) de países como o Brasil até 2030. Esse crescimento não é apenas uma questão de economia, mas também de competitividade internacional, com a bioenergia sendo citada como uma área chave de expansão econômica e desenvolvimento de empregos e exportações.
No âmbito das políticas públicas, o governo brasileiro lançou recentemente uma Estratégia Nacional de Bioeconomia, com o objetivo de fortalecer iniciativas nessa área por meio de políticas de apoio à inovação, incluindo, por exemplo, a criação de subprodutos altamente valorosos no setor de cacau.
O conceito de sociobioeconomia ou economia da sociobiodiversidade ressalta a importância não apenas da produção econômica, mas da conservação dos recursos naturais associados às comunidades locais. A proteção da Amazônia destaca o valor maior de florestas mantidas intactas em comparação às áreas desmatadas, com o Banco Mundial estimando esta conservação valendo ao menos US$ 317 bilhões por ano. Isso reflete diretamente na subsistência e geração de empregos para populações como indígenas, quilombolas e ribeirinhas, destacando a importância de florestas em pé para a economia.
A nível internacional, o Brasil busca levar o tema da bioeconomia para o centro das discussões de fóruns globais, como o G20, onde princípios estão sendo desenvolvidos para fomentar a bioeconomia em escala global. Espera-se que essa estratégia encoraje ainda mais cooperações e parcerias internacionais, ajudando a alinhar a agenda global de transformação ecológica e proteger o futuro ambiental do planeta.