Indicadores revelam as complexas realidades da Amazônia

Em um esforço para melhor compreender as complexas realidades da Amazônia, a recente série de webinários intitulada “Amazônia em Dados” mergulha em questões cruciais para a região. Realizado pela rede Uma Concertação pela Amazônia em parceria com a Página22, o evento destaca a importância de novos indicadores que tragam à tona dimensões até então negligenciadas como saúde, educação e conectividade, visando um desenvolvimento sustentável.

Esses encontros, que integram a série Notas Amazônicas, prometeram apresentar dados capazes de “radiografar” a área, incentivando a integração de informações e tomadas de decisão estratégicas. Georgia Jordão, gestora de conhecimento da Concertação, apresentou a plataforma Amazônia Legal em Dados como um exemplo de como dados abertos podem ser utilizados para fornecer informações sobre diversos temas que vão de emissões de gases de efeito estufa a saúde.

Um dos índices centrais discutidos foi o Índice de Progresso Social (IPS), aplicado nos 772 municípios da Amazônia Legal, que mede aspectos como moradia, saúde e direitos individuais. Este índice oferece uma análise imparcial da qualidade de vida, dissociada dos fatores econômicos tradicionais. Na última avaliação nacional, o Brasil ficou em 67º dentre 170 países, destacando áreas de preocupação e necessidade de melhorias.

Os dados discutidos reforçaram a existência de uma tríplice crise: ambiental, econômica e social na Amazônia. Beto Veríssimo, diretor do IPS Brasil, destacou que apesar da Amazônia abrigar a maior biodiversidade do país, suas crises são exacerbadas pelo desmatamento, pobreza e tensões sociais. As Terras Indígenas, embora sejam as regiões mais conservadas, não são imunes ao avanço do desmatamento e do garimpo.

Outra inovação importante apresentada durante o evento foi o MapBiomas, uma ferramenta essencial para o monitoramento das mudanças no uso do solo. Com décadas de dados, a plataforma permite visualizar transformações nas paisagens amazonenses, apoiando gestores públicos e pesquisadores em suas análises e planejamentos.

A cientista Julia Shimbo do MapBiomas destacou que, na última análise, mais de 53 milhões de hectares de vegetação nativa foram retirados, sobretudo convertidos em pastagens. Este dado crítico serve como um alerta urgente para a ação imediata e sustentada em políticas de conservação e inovação em bioeconomia.

Além disso, o Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria) salienta sua contribuição através da plataforma SpeciesLink, que agrupa informações sobre biodiversidade de coleções biológicas. Esta ferramenta é vital para projetos de restauração florestal, oferecendo insights sobre espécies nativas e suas condições ao longo do tempo.

Os insights dos especialistas destacam que movimentos cidadãos e gestores públicos podem usar essas ferramentas para influenciar políticas e decisões locais. Como exemplo, Veríssimo discute a desigualdade entre cidades de mesmo PIB, enfatizando que as melhores práticas podem ser adaptadas para realidades distintas.

O evento termina com uma mão estendida para o futuro, buscando soluções criativas para os desafios multifacetados que a Amazônia enfrenta. A inclusão de crianças e cidadãos no uso e compreensão desses dados é vista como um passo crucial para inspirar as próximas gerações na conservação e uso sustentável desse bioma vital. Orgulhosamente, a série Amazônia em Dados ressoa uma celebração da capacidade de inovação multidisciplinar em nome da preservação ambiental e da equidade social.


Fonte: https://pagina22.com.br/2024/09/13/as-diversas-amazonias-reveladas-em-dados/

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