Impasse continua: servidores do Ibama rejeitam proposta governamental e estendem paralisação

A paralisação dos servidores do Ibama continua a ganhar destaque na esfera nacional, indicando um ponto de tensão significativo entre as reivindicações por melhores condições e a resposta governamental. No desdobramento mais recente, foi revelado que a proposta do governo para a reestruturação de carreiras não foi recebida como adequada pelos funcionários públicos da área ambiental. Entrando no segundo mês de paralisação, os servidores mantêm sua posição firme em busca de um reajuste salarial justo e uma valorização que reconheça os riscos inerentes às suas atividades.

A Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Asibama) do Distrito Federal expressou descontentamento acentuado, categorizando a oferta do Ministério da Gestão como desconexa e criticando o que percebem como uma postura de desdém por parte das autoridades. As negociações, que deveriam alinhar expectativas e encontrar soluções conjuntas, parecem, na visão da Asibama, ter falhado em abordar a essência das demandas dos servidores ambientais, um contraste preocupante com o discurso proferido por representantes de alto nível, como as ministras Esther Dweck e Marina Silva.

Além das demandas salariais, os servidores pleiteiam gratificação por atividades de risco e buscam a equiparação na remuneração entre ativos, aposentados e pensionistas na Carreira de Especialista em Meio Ambiente e no Plano Especial de Cargos do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama. A mobilização já registra efeitos tangíveis, com áreas específicas do Ibama, como Qualidade Ambiental e Centro Nacional do Processo Sancionador Ambiental (CENPSA), também ingressando na paralisação.

Como reflexo direto dessa paralisação, notou-se uma diminuição acentuada nas ações de fiscalização contra desmatamento, garimpo e outros crimes ambientais, fato que não só impacta a efetividade do órgão mas também gera preocupações ambientais amplas. Os números são emblemáticos: houve um declínio de 69% na emissão de autos de infração em janeiro de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

O Ministério do Meio Ambiente, ao ser procurado, enfatizou que a reestruturação das carreiras ambientais permanece uma prioridade e que uma próxima mesa de negociação está programada, mantendo abertas as vias de comunicação e sinalizando uma possível flexibilidade para encontrar um consenso. Filigranas administrativas à parte, o Ministério da Gestão reiterou o reajuste linear já concedido e apontou para restrições orçamentárias como uma baliza em suas deliberações. Encarregado dos interesses dos servidores bem como da sustentabilidade das políticas públicas, o Ministério mantêm-se em uma posição que requer não apenas a solução das questões salariais e de reconhecimento, mas também a preservação integral da capacidade do Ibama de cumprir com suas funções essenciais na gestão ambiental do país.


Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/servidores-do-ibama-rechacam-proposta-do-governo-e-mantem-paralisacao

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