No recente Fórum de Bioeconomia e Sustentabilidade, realizado pela Câmara de Comércio França-Brasil em conjunto com a ONG Dia da Terra Brasil, foram discutidos importantes mecanismos para viabilizar ações de impacto socioambiental. O evento, que ocorreu em 22 de agosto na biblioteca do Parque Villa-Lobos, em São Paulo, foi o terceiro de sua série e destacou a necessidade urgente de converter discussões ambientais em ações práticas.
A mediadora Amália Safatle abriu o painel destacando que o momento atual demanda ações e acesso a recursos mais do que debates. Neste contexto, o evento comentou uma abordagem brasileira para captação de recursos, onde pessoas jurídicas podem destinar até 11% do valor do imposto de renda para projetos culturais, esportivos, ambientais e de reciclagem. Da mesma forma, pessoas físicas, ao declarar imposto no modelo completo, podem alocar até 9% para projetos diversos. Fábio Cesnik, sócio fundador do CQS-FV Advogados, destacou que combinar diferentes leis de incentivo é uma forma inteligente de financiar questões ambientais através de produções culturais, como utilizando a Lei do Audiovisual ou a Lei Rouanet.
Dentro desse panorama, Antonio de Andrade chamou atenção ao tocar no tema da desigualdade na distribuição destes incentivos, principalmente para pequenas e médias iniciativas fora do eixo Sudeste. Andrade, que fundou a plataforma de financiamento coletivo Um a Mais, comentou a importância de democratizar a captação de recursos para projetos aprovados pelas leis de incentivo, mas que carecem de financiamentos. A proposta da plataforma é mitigar a desigualdade e engajar os doadores em um movimento local mais consciente.
No mesmo evento, André Tchernobilsky, CEO da ZEG Technologies e ZEG Environmental, enalteceu a urgência da questão dos lixões a céu aberto no Brasil, situação em que mais de 3 mil locais ainda operam sem adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Enfatizando a necessidade de soluções inovadoras, Tchernobilsky descreveu o papel da Nébula, uma aceleradora que conecta startups, grandes empresas e investidores, promovendo práticas de economia circular e baixa emissão de carbono.
A Nébula avalia startups utilizando tecnologia para identificar seu nível de prontidão em tecnologia, produto e financiamento, facilitando o investimento assertivo. As práticas de avaliação visam resolver um dos principais obstáculos enfrentados por startups: a dificuldade de tradução econômica de suas iniciativas, muitas vezes levando ao seu insucesso precoce. Adepta de soluções pragmáticas, a Nébula também promete lançar uma ferramenta para mensurar e aplicar métricas de ESG, aprimorando a transparência e eficiência dos projetos submetidos.
Finalizando as discussões, Maria Luiza Morandini, do Instituto EDP, evidenciou os desafios que muitas organizações enfrentam para mensurar o retorno social de iniciativas, como os projetos Jardins Comestíveis, voltados para segurança alimentar. A dificuldade em quantificar o impacto social reforça a necessidade de ferramentas robustas que possam traduzir de maneira clara e quantificável os benefícios das iniciativas sustentáveis para a sociedade.
O fórum provou ser um espaço rico de diálogo e propostas concretas para a evolução da bioeconomia, colocando em evidência a sinergia entre inovação, legislação e investimento focado na transformação socioambiental.
Os interessados em acompanhar as discussões podem explorar os painéis do evento no Instagram de @diadaterrabrasil.
Fonte: https://pagina22.com.br/2024/08/26/onde-buscar-dinheiro-para-acoes-de-impacto-socioambiental/