O caminho para fundar uma empresa de biotecnologia é repleto de desafios complexos, mas permeado por inúmeras oportunidades de inovação e crescimento. Este cenário demanda dos empreendedores uma combinação de perseverança, visão estratégica e compreensão profunda do panorama científico e regulatório.
Segundo Paul Jaminet, CEO da Angiex, um dos primeiros passos essenciais é escolher o foco certo para o empreendimento. Esta decisão crítica deve se basear tanto na expertise científica quanto nas necessidades não atendidas do mercado. Jaminet aponta que, sem uma base científica sólida, a justificativa para o início de uma empresa é fragilizada. Para sua empresa, especializada em conjugados anticorpo-droga em oncologia, a ciência foi essencial não apenas na fundação, mas também para atrair investidores e parceiros.
Xavier Duportet, co-fundador e CEO da Eligo Bioscience, reforça essa visão, destacando a importância de alinhar a inovação tecnológica às demandas do mercado. No caso da Eligo, a entrega de CRISPR a bactérias tornou-se a base da propriedade intelectual, abrindo caminho para um tratamento tópico inédito para acne. Este enfoque tecnológico aliado a uma análise de mercado pode definir o sucesso ou o fracasso de uma startup.
As universidades desempenham um papel significativo no estágio inicial das startups de biotecnologia, oferecendo colaboração valiosa e credibilidade científica. Duportet salienta que parcerias estratégicas com universidades de renome, como o MIT, ajudaram a criar sinergias que impulsionaram o desenvolvimento do Eligo. No entanto, para Jaminet, tais parcerias devem ser geridas com cautela para evitar desvio do foco da missão central da empresa.
Angariar investimentos é outro desafio essencial, e para isso, os fundadores precisam apresentar não apenas uma tecnologia inovadora, mas um produto claro e comercialmente viável. Investidores buscam não apenas um entendimento técnico, mas também um planejamento eficaz dos marcos de valor e retornos potenciais. Duportet recomenda que os empreendedores dominem o jargão dos investidores para uma comunicação eficaz, enquanto Jaminet sugere equilíbrio entre diferentes rodadas de financiamento para manter o crescimento da empresa.
No cenário regulatório, compreender as complexidades dos órgãos governamentais, como o Food and Drug Administration (FDA), é vital. Este entendimento pode evitar atrasos caros e garantir que a empresa está segura em termos de conformidade para cada etapa de desenvolvimento. Shneider, da CureLab Oncology, adverte que ignorar as normas regulatórias pode resultar em investimentos perdidos e retrabalho desnecessário.
A proteção de propriedade intelectual é igualmente crucial para fortalecer a vantagem competitiva de uma empresa emergente. Duportet enfatiza a necessidade de uma estratégia de IP bem articulada, uma vez que erros nessa área podem comprometer tanto o financiamento quanto a defesa das inovações da empresa.
Por fim, formar uma equipe de alta qualidade é imperativo. A contratação de talentos que compartilham a visão da empresa pode estabelecer uma cultura organizacional saudável e promover o crescimento sustentado. Para empresas com recursos limitados, consultores especializados podem oferecer expertise a preços acessíveis.
Para os aspirantes a empreendedor na biotecnologia, a jornada pode ser desafiadora, mas com o foco, as parcerias e a estratégia correta, a fundação de uma empresa neste setor dinâmico pode resultar em um caminho de sucesso.
Fonte: https://www.labiotech.eu/expert-advice/build-biotech-company/