França avalia taxação de fast fashion em combate ao desperdício têxtil

Diante do cenário ambiental desafiador, a França se destaca pela adoção de práticas pioneiras na mitigação do impacto ambiental provocado pela indústria do fast fashion. Em um movimento estratégico para conter o excesso de consumo e o consequente desperdício têxtil, o país europeu estuda implementar uma política de penalidades financeiras voltada às grandes marcas de moda rápida, uma medida que visa estimular um modelo mais sustentável de produção e consumo.

Estas considerações surgem como resposta à crescente pilha de vestuário descartado. O fenômeno não é exclusivo da França, encontrando paralelos em locais como o deserto do Atacama, no Chile, onde as montanhas de roupas são tão vastas que podem ser vistas do espaço. Este excesso é motivado em parte pela produção intensiva e comercialização de peças a preços irrisórios que, na prática, propiciam lucros substanciais para as empresas, mas geram repercussões negativas para o meio ambiente e sociedade.

No intuito de incentivar a longevidade do vestuário e a economia circular, o governo francês já havia introduzido, em 2023, um sistema de incentivos financeiros que recompensa aqueles que optam por reparar suas roupas através de profissionais certificados, com recuperação de parte dos custos de reparo.

Avançando nessa trajetória, discussões atuais giram em torno de penalizar as empresas de fast fashion pela venda de cada artigo. Este regime tributário progressivo, segundo reportagem do jornal The Guardian, adotaria um cálculo de multa que poderia alcançar até 50% do preço de venda do item. Dentre as marcas alvo deste projeto de lei, menciona-se a Shein, conhecida por oferecer um vasto acervo com milhares de novos produtos todos os dias.

A proposta legislativa levanta uma reflexão séria sobre as consequências ambientais, sociais e econômicas ligadas à cultura de consumo acelerado e à necessidade constante de renovação no setor de roupas e acessórios. Essa transformação nos hábitos de compra também está evidenciada em estatísticas que mostram que, em 2019, uma parcela significativa dos consumidores franceses optava por retalhistas de moda rápida.

Este cenário motiva ações governamentais como a que está sendo considerada pela comissão parlamentar e que será discutida no parlamento francês no final de março, estipulando penalidades que devem vigorar até 2030. A medida integra um pacote de iniciativas como a proibição da publicidade de moda ultrarrápida e a adoção de incentivos financeiros para a moda sustentável, como parte da lei AGEC.

Os materiais em questão, muitos dos quais sintéticos, carregam uma durabilidade prejudicial ao planeta, levando centenas de anos para se decompor. Diante disso, a França se posiciona não apenas como uma guardiã do meio ambiente, mas como uma vanguarda na promoção de um estilo de vida mais equilibrado, reafirmando o compromisso com práticas que favorecem a sustentabilidade e um futuro mais limpo e verde para as próximas gerações.


Fonte: https://ciclovivo.com.br/inovacao/negocios/franca-pode-taxar-roupas-de-fast-fashion-para-frear-impacto-da-industria/

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