Bioeconomia e seu papel no contexto da Digitalização – Rússia

Biomedicina e Farmacologia: Os Motores da Bioeconomia na Era Digital

A bioeconomia está emergindo como um vetor central do desenvolvimento inovador global, ancorado na pesquisa e produção biotecnológica. Estudos recentes destacam que a biotecnologia deve constituir 2,7% do PIB em países desenvolvidos até 2030, enquanto em nações emergentes seu impacto previsto é ainda maior. Estima-se que até 2030, 80% dos produtos médicos, 35% dos insumáticos e 50% da produção agrícola estarão vinculados às inovações biotecnológicas. Setores como energia bioenergética, previstos para gerar US$ 150 bilhões até 2050, sinalizam um mercado global em plena expansão, movido por fontes renováveis que responderão por 30% da demanda energética mundial.

A biotecnologia vermelha, que abrange biomedicina e biofarmacologia, demonstra ser a área de maior crescimento, detendo mais de 70% do mercado global de biotecnologia. Estudos apontaram que o mercado de biotecnologia atingiria US$ 600 bilhões até 2020 e, seguindo projeções, crescerá uma vez e meia em relação a 2018, alcançando US$ 742 bilhões até 2025. A rápida ascensão dessa indústria é impulsionada principalmente pelo setor farmacêutico e pela introdução contínua de novos biológicos no mercado.

Nesse contexto, observa-se um movimento marcante de investidores em direção a empresas biotecnológicas, inflamado pelo potencial de crescimento demonstrado. Conforme registrado pela NASDAQ tais companhias passaram por uma valorização substancial entre 2016 e 2023, evidenciando um aumento de 250% no índice IBB, que rastreia desempenho no setor. Contudo, essa escalada também se acompanhada de oscilações significativas, indicando os riscos intrínsecos à indústria.

A chegada de novos produtos farmacêuticos ao mercado é precedida por uma série de ensaios clínicos rigorosos. Esses testes, divididos em quatro fases, demandam procedimentos complexos e onerosos, com a fase três sendo a mais extensa e custosa, representando cerca de 70% dos gastos totais, que podem alcançar cerca de US$ 30 milhões nas primeiras três fases. Diante disso, as empresas enfrentam o desafio de encurtar prazos e reduzir custos desses estudos, que são fundamentais para a segurança e eficácia dos medicamentos.

No panorama regulatório russo, evidencia-se uma atenção especial às normas éticas e legais que governam os ensaios clínicos, alinhando-se à Convenção do Conselho da Europa para a Proteção dos Direitos Humanos em relação à biomedicina. Diversos organismos, como a Associação das Organizações de Pesquisa Clínica, dedicam-se a aprimorar a regulamentação e eficiência desse campo, ainda que haja obstáculos a superar, como períodos extensos para obtenção de licenças locais e a necessidade de maior eficiência no processo de aprovação.

Uma estratégia para superar desafios inclui a terceirização para Organizações de Pesquisa por Contrato (CROs), que otimizam o recrutamento global de voluntários e gerenciamento de custos, praticando a monitoração clínica e médica com expertise. Incentivos fiscais em países como China e Índia para a atuação de CROs ressaltam o esforço governamental para alavancar pesquisas em áreas indispensáveis à saúde pública.

O uso de tecnologias digitais está revolucionando o campo da biomedicina. Aplicações clínicas digitais, após rigorosos ensaios clínicos, oferecem novas ferramentas para o monitoramento de doenças e ajuste de tratamentos, promovendo um avanço considerável no manejo de enfermidades crônicas. Além disso, a inteligência artificial promete transformar o diagnóstico e a personalização de terapias, abrindo portas para uma medicina preventiva e personalizada mais econômica e eficaz.

A Rússia, ciente da relevância da digitalização para a competitividade e inovação, vem adotando medidas visando o desenvolvimento acelerado da economia digital e do setor biotecnológico. O programa nacional “Economia Digital da Federação Russa” mira em metas concretas para 2024, incluindo a conexão à internet de toda a estrutura médica e autoridades governamentais. A progressão nesse percurso é considerável e sinaliza um ambiente propício a desenvolvimentos nacionais competitivos.

Com o impulso da digitalização, autoridades russas antecipam avanços nos indicadores do país, ressaltando a importância do suporte governamental para potencializar a bioeconomia. Discussões assinalam a necessidade de incentivos fiscais para inovações em medicina digital, expansão de aplicações diagnósticas e tratamentos, bem como suporte à pesquisa clínica, estabelecendo um ambiente científico e educacional interdisciplinar robusto em bioeconomia.

Assim, a bioeconomia é reconhecida não apenas como uma esfera estratégica do avanço econômico, mas também como um campo propulsor de melhorias significativas na saúde e na qualidade de vida da população global, especialmente sob a influência crescente da digitalização.

Fonte: Baysaeva, M.; Suleymanova, A.; Magazieva, Z. Bioeconomy and its role in the context of digitalization. BIO Web of Conferences, v. 76, 10005, 2023, Grozny, Russia, EDP Sciences. https://doi.org/10.1051/bioconf/20237610005

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