O interesse renovado na sustentabilidade da floricultura ornamental tem incentivado uma série de iniciativas inovadoras que convergem para a transformação do setor em um modelo de economia circular. Uma visão estratégica que considera não apenas a beleza natural das flores, mas o vasto espectro de compostos bioquímicos presentes, desdobra-se em múltiplas aplicações industriais, desde a produção de plastificantes biodegradáveis à confeção de materiais similares ao couro.
Focando inicialmente no uso de pétalas de rosas na indústria química, inovações têm demonstrado que estas podem se converter em matéria-prima para plastificantes compatíveis com o meio ambiente. Tal abordagem não só apresenta alternativas aos derivados do petróleo mas estende o ciclo de vida dos produtos florais, antes fadados a uma existência efêmera.
Startups pelo mundo têm reconhecido o valor oculto em toneladas de flores descartadas, como as utilizadas em rituais religiosos na Índia, as quais não poderiam ser descartadas como lixo comum devido à sua sacralidade. Empreendimentos como Phool estão alavancando essa matéria-prima orgânica para produzir desde incensos a fertilizantes orgânicos, e até experimentado na criação de um couro vegetal destinado ao mercado de luxo.
No campo dos têxteis, a inovação tem vindo a se expressar através da conversão de resíduos florais em materiais orgânicos e recicláveis para a produção de acessórios e roupas, impulsionando o design eco-sustentável. Materiais como o Flaux, integralmente bio baseados, destacam-se por sua independência de materiais petroquímicos, normalmente prevalentes na indústria têxtil.
Do ponto de vista das colorações, os pigmentos naturais encontrados nas flores são um verdadeiro tesouro para a produção de corantes naturais, alternativos aos sintéticos e muitas vezes tóxicos. Startups têm investido no potencial desses pigmentos, culminando no desenvolvimento de métodos para extração de cores vivas e sustentáveis para o mercado de tintas e dyes.
Uma aplicação igualmente notável concerne a criação de papel a partir de resíduos florais, considerando a alta demanda por materiais envolventes na própria indústria florista. Experiências no Reino Unido e Holanda indicam potencial para fechar o ciclo produtivo da floricultura, utilizando aparas de flores para conceber embalagens resistentes à água.
Distinguindo-se pela funcionalidade, os resíduos de flores também carregam valiosos fitonutrientes, como os polifenóis, conhecidos por seus benefícios antioxidantes, anti-inflamatórios e antidiabéticos. O desafio reside na destilação desses compostos para integrá-los em suplementos nutricionais que poderiam servir a um crescente mercado de consumidores interessados em saúde e bem-estar.
Essas iniciativas representam um macerar de oportunidades, onde resíduos outrora negligenciados são reimagiados como ativos valiosos no esforço de criação de uma cadeia mais sustentável e menos dependente de recursos sintéticos e poluentes. O desdobramento da aplicação desses resíduos evidencia não apenas um potencial industrial e econômico impressionante mas também um avanço tangível rumo a práticas empresariais mais responsáveis e eticamente engajadas.
Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/blooming-business-the-circular-flower-waste-bioeconomy/