No contexto da terceira edição do Fórum Mundial da Alimentação, realizada em Roma, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) lançaram um ambicioso programa de investimentos na bioeconomia amazônica. Este programa visa promover uma verdadeira transformação rural na região amazônica, abrangendo diretamente oito países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Com um aporte de US$ 89,9 milhões, o programa se alicerça em três linhas principais de investimento. Primeiro, busca o fortalecimento dos sistemas de gestão da informação em níveis nacional e regional, um movimento essencialmente vinculado ao Observatório Regional da Amazônia (ORA). A melhora nas capacidades de gestão das informações é vista como crucial para uma maior coordenação e eficiência nas iniciativas de desenvolvimento sustentável na região.
Outro foco é o desenvolvimento dos ecossistemas digitais na Amazônia, projetados para melhorar as condições de vida rural e aumentar a rastreabilidade dos bioprodutos selecionados. Esse desenvolvimento tecnológico não só promete avanços em termos de infraestrutura digital, mas também na inclusão digital de comunidades rurais e indígenas, que historicamente enfrentam obstáculos nesse aspecto.
Por fim, o aprimoramento da gestão das pescas na região aparece com destaque, utilizando dados existentes sobre espécies como o bagre migratório. A intenção é criar procedimentos mais sustentáveis e eficientes que possam assegurar o futuro das indústrias pesqueiras locais, ao mesmo tempo que respeitam e integram o conhecimento tradicional dessas comunidades.
O evento também deixou claro que a nova bioeconomia amazônica deve respeitar uma série de princípios centrais. Entre eles estão a redução dos elevados níveis de insegurança alimentar e pobreza, a mitigação das desigualdades sociais e de gênero, o respeito aos direitos, territórios e modos de vida tradicionais dos povos indígenas, além de garantir que a floresta amazônica não atinja seu ponto de não retorno ecológico. As práticas agrícolas sustentáveis são essenciais dentro dessa perspectiva abrangente.
Máximo Torero, economista-chefe da FAO, afirmou que as regiões em foco são de alta prioridade devido à pobreza e à possibilidade de as atividades florestais locais gerarem benefícios significativos. Já Vanessa Grazziotin, diretora executiva da OTCA, salientou que a Amazônia está estrategicamente posicionada para aumentar sua visibilidade no mercado global, especialmente se investimentos e ações estratégicas de curto prazo forem implementados corretamente.
A reunião destacou também a necessidade de compreender melhor as demandas de conectividade dos diferentes usuários na região amazônica, abordando desde pequenos agricultores até hospitais. Um exemplo concreto dessa colaboração é o projeto de conectividade subaquática, desenvolvido pela Nokia, que já foi implementado em 400 comunidades amazônicas, beneficiando cerca de 500.000 pessoas. Essa tecnologia oferece uma solução mais segura e confiável, com custos de manutenção reduzidos, assegurando a continuidade dos serviços em áreas remotas.
Com a possibilidade de formalizar um acordo de colaboração entre FAO, OTCA e empresas tecnológicas, como a Nokia, as entidades responsáveis por essa iniciativa esperam aumentar a sinergia entre os projetos em andamento na região. Sem dúvida, a iniciativa representa uma oportunidade substancial para transformação socioeconômica na Amazônia, proporcionando perspectivas de desenvolvimento econômico sustentável e melhora nas condições de vida de diversas comunidades.
Fonte: https://www.fao.org/americas/news/news-detail/inversion-bioeconomia-amazonica/en