Valorização de resíduos da banana catalisa a construção de uma bioeconomia equitativa

Em um panorama onde a sustentabilidade se torna cada vez mais uma pauta estratégica, resíduos de cultivo como os da indústria da banana emergem como matéria-prima valiosa para a construção de uma bioeconomia equitativa. Estudos apontam que cerca de 35% do peso das bananas produzidas globalmente compreendem as cascas, traduzindo-se em milhões de toneladas de matéria que poderia ser valorizada. O percentual se acentua com o descarte de aproximadamente 60% da biomassa pós-colheita, englobando o tronco, que é frequentemente deixado nos campos para decomposição. Esse cenário revela potencial significativo para a geração de valor agregado nos países em desenvolvimento.

Neste contexto, iniciativas como a da startup TexFad, baseada em Uganda – o segundo maior produtor mundial da fruta -, destacam-se por desenvolver tecnologias capazes de transformar os resíduos da banana em texteis sustentáveis. Com uma missão social que transcende o aspecto ambiental, a TexFad direciona esforços para potencializar a geração de renda e fornecer capacitação vocacional, consolidando um modelo de negócios que nutre o emprego local, valoriza as cadeias produtivas agrícolas e faz frente às baixas nos preços globais da banana.

Não apenas em Uganda, mas também na Índia, maior produtor mundial de bananas, alternativas inovadoras como o ‘Banofi’, um substituto vegetal para o couro produzido pela Atma Leather, prometem avanços para o setor da moda. Este material combina 50% de resíduos do caule da banana e 30% de aditivos naturais, apresentando-se como alternativa frente aos produtos de couro animal, conhecidos por seu impacto ambiental negativo. A integração de polímeros reciclados em sua composição adiciona uma camada adicional de consciência ecológica.

Nas correntes de valor que abraçam os resíduos da banana, a startup Greenikk da Índia desponta pelo processamento mecanizado e escolha criteriosa de matéria-prima, preparando tecidos destinados a mercados internacionais, incluindo Europa e EUA. Da mesma forma, iniciativas governamentais em Bangladesh exploram o conhecimento tradicional para a produção de saris com fibras de banana, contrapondo-se à algodão tradicional e fortalecendo a resiliência socioeconômica de comunidades indígenas.

A gestão consciente e estratégica dessas matérias-primas ressalta a importância de uma bioeconomia pautada no aproveitamento de resíduos. Na União Europeia, cresce o reconhecimento de que a demanda aumentada por biomassa repercute negativamente nos ecossistemas naturais. A utilização de resíduos biológicos como matéria-prima tende a ser mais sustentável, evitando a necessidade de produção intensiva de biomassa virgem, diminuindo os impactos sobre a biodiversidade e mitigando emissões de carbono.

O caminho para uma bioeconomia circular e mais justa parece passar inevitavelmente pela valorização de resíduos, onde exemplos como a valorização da banana ilustram como a insignificância percebida de subprodutos agrícolas pode ser convertida em segurança financeira, estabilidade e inovação, contribuindo decisivamente para uma transição mais equitativa e ambientalmente responsável.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/how-can-bananas-build-a-more-equitable-bioeconomy/

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